Ética questionada

Lupi diz que Renan Filho cerceou ex-governador em secretaria por medo

Ronaldo Lessa deixou cargo, foi para oposição e diz faltar ética ao governador

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Ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa e o presidente nacional do PDT Carlos Lupi. Foto: Ascom PDT

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, esteve em Alagoas para a convenção partidária que elegeu, no sábado (6), o ex-governador Ronaldo Lessa como presidente estadual da sigla, e afirmou que o governador Renan Filho (MDB) cerceou o envio de recursos e estrutura para as políticas públicas para agricultores no estado, por medo de um eventual sucesso da gestão do líder estadual pedetista, que ocupava até a semana passada o cargo de secretário da Agricultura de Alagoas.

Lessa decidiu colocar seu nome à disposição para disputar a Prefeitura de Maceió (AL) em 2020, indo para a oposição a Renan Filho, mas sem radicalizar. A posição repete o rompimento de Lessa com os Calheiros em 2016, quando o ex-governador antecipou o anúncio de apoio à reeleição de Rui Palmeira (PSDB) para apressar a aliança do governador com o prefeito da capital alagoana, mas recebeu como resposta imediata sua exoneração. Ainda assim, reatou a aliança em 2018, perdendo a vaga na Câmara Federal.

“Eu não sei se ele foi uma semente que não brotou ou se tinham medo que ela brotasse. O Ronaldo tem uma capacidade de gestão grande e é respeitado até por quem não gosta dele, e aí eles [o governo estadual] o cercearam. Seguraram para ele não fazer uma boa gestão. Não lhe deram espaço nem o prestígio que ele merece”, disse Lupi, em entrevista ao jornalista Marcos Rodrigues, da Gazetaweb.

Ao justificar a decisão de entregar o cargo e romper a aliança política com o filho do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-governador Ronaldo Lessa citou como exemplo da falta de apoio o fato de Renan Filho ter repassado à Secretaria de Agricultura de Alagoas (Seagri)um valor de custeio menor que o executado na pasta há 13 anos, nos menos de quatro meses em que o pedetista comandou a pasta.

“O que eu não quis e não vou fazer é radicalizar. Não vou porque não vale à pena. Ele [Renan Filho] disse que não me perseguiu, mas sim usou uma medida isonômica com outras secretarias. Mas veja, o que foi repassado para mim como custeio era menos que o meu quando fui governador há 13 anos”, expôs Lessa, na entrevista concedida ao lado de Lupi.

Lessa ainda considerou injustificável a falta de investimentos na pasta da Agricultura, inclusive a falta de liberação de recursos para comprar sementes para distribuir para os agricultores mais pobres, antes da chegada do inverno.

Governador de Alagoas Renan Filho, ao empossar ex-governador Ronaldo Lessa no comando da Agricultura. Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas/Arquivo

‘Faltou ética’

Além de ter sido pessoalmente atingido pela fritura no cargo feita por Renan Filho, Lessa sofreu com a cooptação de prefeitos pedetistas para o MDB, articulada pelo governador. O que classificou como falta de ética. “Mas essa é a visão de alguém que tem formação na esquerda e que acredita sempre que conquistamos às coisas no convencimento e não usando o poder que tem. Fui governador por duas vezes e nunca agi assim”, avaliou o ex-governador.

A assessoria de comunicação de Renan Filho disse ao Diário do Poder que o governador não vai comentar as declarações dos líderes do PDT.

O presidente nacional do PDT disse ter acompanhado de longe cada decisão do partido em Alagoas, desde a decisão de aliar Lessa e os Calheiros, em 2018, até o rompimento recente.

“Julgávamos que sua entrada no governo era importante, mas não pensaram assim, tanto é que não lhe deram prestígio, não liberou recursos para os investimentos necessários, e para gente espaço é oportunidade de fazer política pública. Por isso que, quando soube do que ocorria, o apoiamos de imediato. A gente é pobre, mas é metido à besta. Só ficamos onde somos bem quistos”, disse Lupi.

Lessa e os indicados do PDT no governo do MDB foram exonerados, inclusive o sobrinho do ex-governador Ricardo Lessa, que era superintendente de Desenvolvimento Setorial e Regional da pasta do Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Além de ter Lessa como pré-candidato a prefeito, o PDT articula a possibilidade de lançar outros quadros como o ex-deputado estadual Judson Cabral, que deixou o PT após 33 anos; a ex-prefeita Kátia Born, e o ex-prefeito Corintho Campelo. (Com informações da Gazetaweb)

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