Falta de convergência

Ludhmila Hajjar diz ter recusado convite de Bolsonaro para Saúde, por ‘motivos técnicos’

Honrada com convite, médica sinalizou não lidaria com expectativas não pautadas em ciência

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Imagens não mostram tentativas de invasão e médica não procurou a gerência do hotel ou a polícia. Foto: Reprodução

A médica cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar afirmou nesta segunda-feira (15) que rejeitou, por motivos técnicos, convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir o comando do Ministério da Saúde e o combate da pandemia de covid-19 no Brasil. Os demais cotados para o cargo são o cardiologista Marcelo Queiroga e o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ).

Ludhmila Hajjar disse ter ficado honrada com o convite, mas o recusou pela falta de linhas de convergência entre seus pensamentos e os do presidente sobre as ações necessárias contra a crise de saúde pública provocada pelo novo coronavírus. E sinalizou que não poderia alimentar expectativas não pautadas em ciência.

“Fiquei muito honrada pelo convite do presidente [Jair] Bolsonaro, tivemos dois dias de conversas, mas infelizmente acho que esse não é o momento para que eu assuma a pasta do Ministério da Saúde por alguns motivos, principalmente por motivos técnicos.Sou médica, cientista, especialista em cardiologia e terapia intensiva, tenho todas minhas expectativas em relação à pandemia. O que eu vi, o que eu escrevi, o que eu aprendi está acima de qualquer ideologia e acima de qualquer expectativa que não seja pautada em ciência”, disse Hajjar, em entrevista à CCN Brasil.

Na conversa com a emissora, a médica revelou que atendeu telefonema do presidente Jair Bolsonaro no sábado (13), com o convite para uma reunião. Relatou que o encontro aconteceu ontem (14) por cerca de quatro horas, na presença do ministro da Saúde Eduardo Pazuello, diante do qual foram discutidas medidas que considera fundamentais como a ampliação da vacinação, da criação de leitos e de medidas restritivas como lockdown, para conter o avanço dos casos e das mortes por covid-19. O convite foi recusado hoje.

Depois de afirmar ter ficado satisfeita em repassar para o presidente sua visão sobre as ações ideais contra a pandemia, Ludhmila Hajjar disse que deseja sucesso para quem assumir a missão que ela recusou. E indicou sua preferência pelo nome de Marcelo Queiroga, com quem atua em diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Menos ideologia, mais ciência

Ao afirmar que o Brasil precisa se pautar pela ciência para salvar vidas, Hajjar disse que temas como lockdown precisam ser superados, por já haver comprovação de que funcionam para conter a pandemia e as mortes, apesar dos graves efeitos sociais sobre a população.

E ainda comentou as ameaças sofridas desde ontem, nas redes sociais, e concluiu tais manifestações a assustaram, mas não foram decisivas para sua recusa ao cargo oferecido. Para a médica, os ataques partem de pessoas que polarizam radicalmente o país e acabam sendo responsáveis por boa parte dos maus resultados que o Brasil tem hoje. “Tem gente querendo o mau do Brasil”, concluiu.

A médica ressalta que segue à disposição do Brasil para ajudar o país a preservar mais vidas. E acredita que o país precisa de uma “virada”, para conter os danos de terem minimizado a doença, e de ter faltado muita eficiência na compra das vacinas.

Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ao Diário do Poder que Ludhmila Hajjar teria amplo apoio de aliados, setores da saúde e representantes dos poderes constituídos, se aceitasse o convite. (Com informações da CNN Brasil)

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