Reforma da Previdência

Líder do PP vê apoio do governo a mobilizações como desejo de ‘viver de incêndio’

Arthur Lira critica clima de guerra na relação Planalto x Congresso

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Deputado federal Arthur Lira, líder do PP na Câmara. Foto Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em meio ao debate sobre pautas prioritárias para o Brasil e para o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o líder do PP na Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), considerou o chamamento de uma mobilização a favor do governo, para pressionar o Congresso Nacional, uma prova de que o Palácio do Planalto não usa inteligência para tratar uma base que já sinalizou que votará a Reforma da Previdência, sem apoiar o que considera pontos prejudiciais à população mais pobre e aos trabalhadores rurais. O deputado classifica a relação atual do governo com o Congresso como “uma guerra” e diz que chega a pensar que o governo não quer aprovar nada e viver apenas alimentando um incêndio.

“Quando você vai para uma discussão mais séria, você vê o governo chamar uma mobilização, que ninguém sabe o tamanho dela, para bater em uma base que vai votar as reformas, você tem a ideia de como as coisas estão. Às vezes fico pensando que não querem aprovar nada, não. Querem é viver só nesse incêndio, botando oxigênio no fogo, para pegar mais fogo. O futuro, proximamente, vai mostrar quem tem razão nessa situação. Acho muito triste e fico muito preocupado. Não quero viver um negócio desse, não. É uma guerra”, disse Arthur Lira, ao Diário do Poder.

Arthur Lira ressaltou que, enquanto tentam construir um texto para a Reforma da Previdência, o governo erra ao insistir na aprovação de pontos já rejeitados de forma consolidada por 14 partidos, a respeito de alterações para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), trabalhadores rurais e desconstitucionalização das regras previdenciárias.

“O correto é largar isso aí, porque você não tem voto nem para aprovar qualquer coisa, quanto mais isso. E partir para o que é possível. Mas o governo, em vez de ficar fazendo isso, fica perdendo tempo. Meu amigo, 14 partidos já assinaram que não votam, como é que ela passa? É um povo desarticulado”, avaliou o deputado.

Para o parlamentar, se for açodar a apreciação da Reforma da Previdência, aprova-se em votação na comissão, porque os partidos colocaram gente favorável à matéria. Mas se for para o plenário, não tem voto para aprová-la ainda. Por isso, propõe que o governo tem quem conversar mais, até alcançar textos mais adequados, com a ressalva já feita aos pontos rejeitados pelos 14 partidos.

O deputado utilizou a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (23) para dizer que não foi mandado para o parlamento pelo alagoano para buscar a efemeridade dos posicionamentos momentâneos de “curtimento de likes”, ao dizer que isso não representaria legislar para o país, quando tratou do acordo com líderes da Casa que garantiu a conclusão da apreciação da reforma administrativa, com a retirada da emenda que altera a atuação dos auditores fiscais da Receita Federal e devolve para o Ministério da Economia o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na MP 870.

Apoio a protestos

Protestos a favor do governo e contra os que resistem às suas medidas foram convocados pelo PSL e por aliados para o próximo domingo (26). E o presidente Jair Bolsonaro (PSL) manifestou apoio à mobilização, na última terça-feira (21), quando também disse acreditar na “harmonia, sensibilidade e patriotismo dos três poderes da República”, ao considerar que a população “é voz principal para as decisões políticas que o Brasil deve tomar”.

“Quanto aos atos do dia 26, vejo como uma manifestação espontânea da população, que de forma inédita vem sendo a voz principal para as decisões políticas que o Brasil deve tomar. Acredito na harmonia, na sensibilidade e no patriotismo dos integrantes dos três Poderes da República para o momento que atravessa nossa Nação. Juntos, ao lado da população brasileira e de Deus, alcançaremos nossos objetivos!”, escreveu Bolsonaro, no Twitter.

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