'Renovação?'

JHC critica ‘velha política’, ao ser descartado pelo PSL para presidir a Câmara

Alagoano sugere tentativa de 'troca de favores' no início do governo Bolsonaro

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Prefeito de Maceió João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Foto: Divulgação Facebook

Reeleito como recordista de votos em Alagoas, o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), reagiu nas redes sociais contra a decisão do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL, de apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Câmara dos Deputados. Descartado em sua pretensão de suceder Maia, JHC questionou se estaria havendo troca de favores e velha política no início do governo Bolsonaro e reafirmou a manutenção de sua pré-candidatura a presidente da Câmara, lançando hoje (3) o site de sua campanha que prega uma “Nova Câmara”.

“Então essa é a renovação?”, criticou JHC, 3º secretário da Mesa presidida por Maia, em seu perfil do Instagram, na tarde de ontem (2). “Por essas e outras que reafirmo a necessidade de uma Nova Câmara e reasseguro minha candidatura à presidência da Câmara. Agora mais do que nunca!”, completou, ao comentar o anúncio de apoio a Maia, feito pelo presidente nacional do PSL e deputado federal pernambucano Luciano Bivar.

O Diário do Poder questionou à assessoria de JHC se ele incluiu o presidente Bolsonaro na crítica sobre as supostas iniciativas de “voto de cabresto, velha política e troca de favores” atribuídas à decisão do PSL de apoiar a reeleição de Rodrigo Maia. Eis a resposta:

“Sim. Não pela escolha em si, mas pela forma. Como o próprio presidente da sigla, o Deputado Luciano Bivar, falou: foi ‘em troca da CCJ e Comissão de Finanças e Tributação, além de um espaço na mesa’. Até onde sei, o presidente Jair Bolsonaro sequer foi consultado a respeito. De toda forma, pega muito mal para alguém que se elegeu com um discurso de ineditismo se engajar nesse tipo de negociação. Embora não tenha sido o presidente da República em si, evidentemente termina respingando em sua imagem. Tanto é que o presidente apagou a mensagem na rede social que defendia essa posição ‘pragmática'”, disse o deputado JHC por meio de sua assessoria.

Discurso pela ética

JHC é filho e afilhado político do ex-deputado federal João Caldas (PSC-AL), que foi condenado no ano passado a dois anos, nove meses de reclusão convertida em penas restritivas de direito, após denúncia do Ministério Público Federal de que recebeu propina de R$ 6 mil em 2002, em sua conta bancária. O escândalo integra o episódio conhecido como Máfia das Sanguessugas. Mas o candidato a presidente da Câmara tomará posse em seu terceiro mandato legislativo, após investir no marketing focado na projeção da imagem pessoal ligada ao combate a imoralidades em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa e à defesa da ética no poder público.

O deputado alagoano disse no Instagram que lhe incomoda a ideia de que um parlamentar possa sozinho ditar os rumos de uma instituição formada por outras 513 ‘instituições’ (deputados), sem explicar se ele se referia a Rodrigo Maia ou ao presidente do PSL. “Voto de cabresto no Legislativo? Quero crer que cada parlamentar tem o dever de pensar por si e seus eleitores”, protestou.

O narrador do vídeo que divulga a candidatura de JHC defende que o equilíbrio é a missão institucional que a “Nova Câmara” precisa cumprir, sem apoios irrestritos ao Executivo, sem oposição puramente mecânica e sem excesso de ativismo do Judiciário. E prega efetividade para dar aos brasileiros o que eles cobrarem dos parlamentares.

“A Nova Câmara é suprapartidária e orientada pela Constituição. O presidente funciona como magistrado, assegurando a eficiência e a transparência dos trabalhos. O Legislativo será o que a Constituição e o Novo Brasil exigem: o equilíbrio do país!”, disse o deputado JHC, nesta tarde.

Dez dias depois da eleição de Bolsonaro no 2º turno das eleições de 2018, JHC tomou café da manhã na casa do presidente, no Rio de Janeiro. E saiu de lá lhe desejando sucesso e entusiasmado com o novo governo. “Fiquei especialmente satisfeito em ouvir que a moeda do Brasil agora será a competência aliada à confiança. Que Deus abençoe nosso país”, escreveu, à época em que não conseguiu ser fotografado ao lado do presidente.

Assista à propaganda do adversário de Rodrigo Maia, publicada no site de sua campanha:

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