Com sala de espera lotada

Ibaneis afasta diretor de hospital onde médicos foram flagrados descansando

Sargento da PMDF filmou médicos vendo TV enquanto sala de espera estava lotada de pacientes

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PM cobra atendimento de funcionários em descanso em hospital cheio. Foto: Reprodução

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), informou nesta sexta (7) que determinou o afastamento do diretor do Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), Valterdes Silva Nogueira. O ato deve ser publicado no Diário Oficial do Distrito Federal na próxima segunda (11).

A decisão foi tomada após a divulgação de um vídeo em que médicos são flagrados descansando enquanto a sala de espera está lotado de pacientes, na terça de carnaval (5). O autor do vídeo é o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Flávio Mendes, que foi chamado ao local por quem esperava por atendimento na unidade de saúde. O governador pediu ainda ao secretário de Saúde, Osnei Okumoto, que um inquérito administrativo seja aberto.

Segundo Ibaneis, a responsabilidade pela estabilidade do serviço é do diretor do hospital. “Nós temos trabalhado esses dois primeiros meses tentando organizar todo o sistema de saúde do Distrito Federal. As coisas não são fáceis; os vícios são muito antigos. Mas nós estamos mudando a cultura dentro da Secretaria de Saúde. Espero que o tempo mostre aos servidores e aos diretores, que as reclamações são muitos e nós temos que mostrar serviço”, completou o governador.

Relembre o caso

No vídeo que circulou pelas redes sociais nos últimos dias, o sargento da PM Flávio Mendes entra em uma sala de descanso do Hospital de Brazlândia, onde três médicos estão sentados, assistindo televisão. O militar cobra o porquê dos funcionários estarem descansando, enquanto é cobrado por atendimento pelos pacientes que estão no local.

“Fui abordado ali por pacientes que estão perguntando porque não está tendo atendimento no hospital. Está atrapalhando meu trabalho”, disse o sargento. “Lá está cheio de pessoas procurando atendimento.”
Outro médico aparece na porta da sala e afirma que não há necessidade de cobrança por parte do policial. O sargento tenta saber o nome do médico que o questiona, sem sucesso. Ao cobrar novamente o atendimento dos servidores que estão na sala de descanso, Mendes é informado que não são médicos e sim dentistas.

Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que os funcionários flagrados são dois dentistas e um ginecologista que estavam no local, “em descanso, no aguardo de novas demandas”. Segundo a pasta, os profissionais que aparecem nas imagens trabalham na escala de 18 horas de trabalho, precisando “descansar 6h para voltar a cumprir a escala de mais 6h”.

De acordo com a Secretaria, eram atendidos por dois clínicos em cada turno de plantão apenas casos classificados como vermelho, laranja e amarelo — “pacientes graves ou com possibilidade de tornarem-se graves em caso de não atendimento”, além dos internados na enfermaria do Pronto Socorro e no box de emergência. Pacientes classificados como verde, ou seja, sem gravidade eram encaminhados para a unidade básica de saúde.

Sala lotada

Além do flagrante dos médicos, o policial gravou também a sala de espera do hospital, lotada de doentes. Um deles, quando questionado pelo militar, afirma que está na unidade de saúde desde às 14h; o sargente então mostra o relógio, que marca quase 18h. Até aquele momento, a espera já durava quatro horas.

“Cheguei aqui o doutor Sérgio estava na sala dele. Tivemos que incomoda-lo para atender um paciente”, também afirmou o PM. “Ele disse que só ia atender paciente que estava infartado. Perguntei se ele ia atender os quase 200 pacientes e ele disse que não.”

A atitude do policial militar repercurtiu de maneira positiva nas redes sociais. Internautas chegaram a pedir para que o sargento fosse ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no de Planaltina e do Paranoá, por exemplo.

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