Governo autoriza mais 57 agrotóxicos; total de registros chega a 439
No mesmo período do ano passado, o governo havia registrado 374 agrotóxicos
O Ministério da Agricultura autorizou nesta quarta-feira, 27, o registro de mais 57 agrotóxicos. No ano, já são 439 novos pesticidas liberados – o maior ritmo de liberação da série histórica, iniciada em 2005. No mesmo período do ano passado, o governo havia registrado 374 agrotóxicos. Em 2017 foram liberados 326 até 27 de novembro e, em 2016, 198.
Dois produtos liberados nesta quarta são inéditos. Um é à base da vespa Telenomus podisi, e poderá ser usado para combater o percevejo marrom, praga da cultura de soja.
O outro tem como base o óleo de casca de laranja, e servirá para combater o pulgão que atinge pequenas culturas como alface, agrião, brócolis, couve, espinafre, repolho e rúcula. O produto é autorizado nos Estados Unidos e não tem registro na União Europeia.
Os demais 55 agrotóxicos são genéricos, ou seja, com base em ingredientes ativos que já estavam presentes em outros produtos existentes no mercado.
Um dos genéricos autorizados tem como ingrediente ativo o glifosato, o agrotóxico mais vendido no mundo e que está sendo questionado em alguns países por uma possível relação com o câncer. Na União Europeia, a Áustria e Alemanha, decidiram bani-lo. Nos Estados Unidos, ele é autorizado, mas é alvo de críticas.
Outro princípio ativo que teve um genérico registrado nesta quarta foi o acefato, muito usado no Brasil para controlar o percevejo. O uso dele é restrito no país e só pode ser aplicado por máquinas. O ingrediente é autorizado nos EUA e banido na UE.
Também houve o registro de genéricos de 2 princípios ativos que estão em reavaliação no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por possível relação com a morte de abelhas: os inseticidas iImidacloprido e tiametoxam.
Ritmo de liberação
O atual ritmo de liberação provocou reação de entidades ligadas a defesa do meio ambiente, que entraram na Justiça contra algumas dessas medidas. Na semana passada, um juiz federal do Ceará suspendeu provisoriamente o registro de 63 agrotóxicos autorizados no dia 17 de setembro.
Segundo o governo, a maior velocidade na liberação de agrotóxicos vista nos últimos anos se deve a medidas de desburocratização que foram adotadas desde 2015 na fila de registros.