Condenado no palanque

Ficha-suja, Lula faz comício com tom eleitoral em reduto petista no ABC Paulista

Ex-presidente condenado e réu por crimes atacou imprensa, adversários e a Justiça

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Um dia depois de ser libertado por decisão judicial que não anulou suas condenações por corrupção e crimes, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, 74, fez um comício de 45 minutos diante de sua militância aglomerada em uma rua estreita do reduto de origem do PT, a região do ABC Paulista, em São Bernardo do Campo (SP).

Seu discurso em tom eleitoral, em cima de um caminhão, atacou a imprensa, a Operação Lava Jato, o Judiciário, o Ministério Público e o ex-juiz e ministro da Justiça Sergio Moro. E também confrontou o presidente Jair Bolsonaro (PSL), contra quem não pode disputar eleição em 2022, se continuar condenado e impedido de disputar eleição por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que o torna inelegível.

Lula foi solto ontem (8), após o STF (Supremo Tribunal Federal) mudar a interpretação da Constituição Federal que permitia a prisão de condenados em decisões de segunda instância, e estabelecer que a prisão de condenados somente ocorra após o fim de todos os recursos, no chamado trânsito em julgado do processo.

O petista ficou preso por 580 dias em uma cela especial, com regalias como visita íntima, mas chamou a cela de “solitária”. O motivo da prisão foi a antecipação do cumprimento da pena de 8 anos, 10 meses e 20 dias, resultante da condenação sob a acusação de aceitar a propriedade de um tríplex, em Guarujá (SP), como propina paga pela OAS para se beneficiar com três contratos com a Petrobras.

Lula sempre negou a acusação decorrente da Operação Lava Jato de Curitiba, que resultou em sua condenação pelo então juiz Sergio Moro na primeira instância, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em segunda instância, e ratificada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Outra denúncia, relativa a reformas e benfeitorias realizadas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS em um sítio de Atibaia, frequentado por Lula, resultaram em outra condenação do ex-presidente por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, até agora em primeira instância. As obras seriam propina em troca de favorecimento às empresas em contratos da Petrobras. Lula também afirma ser inocente neste caso.

No comício no ABC, o ex-presidente petista estava acompanhado, do ex-prefeito de São Paulo e ex-presidenciável Fernando Haddad (PT); da presidente do PT, Gleisi Hoffmann; de Guilherme Boulos (MTST) e de João Paulo Rodrigues (MST), entre outros militantes de esquerda.

 

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