Entrevista à BandNews

Fernando Henrique Cardoso e Temer debatem sobre crises no governo

Em entrevista à rádio BandNews, ex chefes do Executivo falaram ainda sobre o atual cenário do país

acessibilidade:
Ex-presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso. Foto: BandNews/Reprodução

Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer debateram nesta segunda (18), no novo programa da rádio BandNews, sobre o atual cenário do país e sobre crises em governos.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que em momentos de crise o presidente precisa ser “mais árbitro e menos torcedor”, se mantendo fora do “olho do furacão”. FHC disse ainda que em momentos como esse é complicado tomar partido em relação aos amigos e familiares.

Já o ex-presidente Michel Temer ressaltou a naturalidade de crises em governos, afirmando que um governo sem crise significa um governo sem ação. Para o antecessor de Jair Bolsonaro, as mensagens de pessimismo atrapalham não só o chefe do Executivo, mas o país como um todo.

Ambos os ex-presidentes falaram sobre o fato de que as crises, embora pareçam grandes, precisam sair pequenas do gabinete. Segundo Temer, isso é uma questão de diálogo. “Você tem que dialogar especialmente com aqueles que opõem uns aos outros.”

O emedebista falou ainda que é preciso dar crédito a Jair Bolsonaro, considerando que o atual presidente ainda não teve muito tempo de governo — somando os dias de internação e a viagem a Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. “Acho importante para o país que nós tenhamos uma mensagem de otimismo em relação ao governo.”

Reforma da Previdência

Quando FHC era presidente da República e Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, os dois enfrentaram uma derrota em relação à reforma da Previdência, assunto que voltou ao destaque nas últimas semanas, após o governo bater o martelo sobre uma nova proposta de reforma.

“A reforma da Previdência é uma pedreira”, afirmou Fernando Henrique, “envolve interesses organizados e você vai se contrapor a esses interesses. Ninguém faz reforma de Previdência por maldade. Faz porque não tem jeito, tem que equilibrar o orçamento”.

Temer destacou a importância da reforma da Previdência: “nós estamos torcendo para que isso aconteça. Espero que o Congresso se sensibilize”, declarou o emedebista.

Nesta quarta (20), o governo deve enviar ao Congresso Nacional a PEC sobre a reforma da Previdência. Dos pontos divulgados até agora, está a nova idade mínima para a aposentadoria: 65 anos para homens e 62 para mulheres, com um período de transição de 12 anos para quem já está no mercado de trabalho.

Opiniões

FHC afirmou que o presidente não pode se deixar levar pela opinião dos mais próximos, “principalmente dos que querem agradar”. Segundo o tucano, durante sua gestão, ele buscou procurar com funcionários do Planalto — como motoristas e garçons — para saber a opinião do povo.

“Uma coisa é quem está vendo do ângulo do governo e outra coisa é quem é povo, que está sentindo os efeitos do governo. Se o presidente se põe de estátua, o outro não fala. Tem que saber ouvir”, afirmou Fernando Henrique.

“Quando todo mundo vem dizer que você foi bem, você não melhora”, afirmou Michel Temer, “eu tomava muito cuidado com isso. Em geral, eu me pautava muito mais pela minha intuição do que pelo que me diziam.”

Recuos do presidente 

Para Temer, recuo é um fenômeno democrático. Segundo o político, não recuar é sinal de autoritarismo por não fazer uma revisão dos atos. “Só gente segura volta atrás. Os inseguros querem insistir”, completou FHC.  O tucano afirmou ainda que, ao errar, o melhor é reconhecer o erro rapidamente.

Reportar Erro