Pressão do centrão

Em meio à alta da Covid-19, Câmara decide que eleição será presencial

A definição contraria Rodrigo Maia, que defendia um pleito no dia 2 de forma eletrônica

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Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Najara Araújo/Ag. Câmara
Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Najara Araújo/Ag. Câmara

A Mesa Diretora decidiu nesta segunda-feira (18) que a eleição para o comando da Casa será presencial para todos os deputados – sem possibilidade de votação remota para os deputados do grupo de risco – e acontecerá no dia 1º de fevereiro, provavelmente à noite. A decisão representa uma vitória para o líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A informação foi dada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi voto vencido na reunião. Ele defendeu a possibilidade de os deputados do grupo de risco votarem remotamente. Maia também queria que a eleição fosse realizada no dia 2.

O relator dessa questão, deputado Mário Heringer (PDT-MG), havia proposto flexibilizar a votação para os deputados e deputadas que se encontram no grupo de risco, mas a maioria dos integrantes da Mesa foi contra.

“Geralmente é dia 2, mas não sei por que parte dos membros da Mesa entendeu que teria de ser dia 1. Acho que vai acabar sendo dia 1 à noite, seria melhor começar dia 2 pela manhã. Mas isso não é o maior problema. E se decidiu por maioria, contra o meu voto, não ter nenhuma flexibilidade de votação remota para os grupos de risco”, disse Maia em entrevista após a reunião. “Temos de mobilizar mais de 2.000 funcionários, tem a imprensa, de alguma forma é uma circulação mínima de 3.000 pessoas no dia”, afirmou o deputado.

“Os prédios são de pouca circulação. Quanto menor a circulação de ar, maior o risco de contaminação. Por isso, defendemos a votação remota para proteger deputados e deputadas e os funcionários da Casa, já que fizemos eleição de um integrante da Mesa de forma remota e entendíamos que não tinha problema, mas a Mesa é soberana. Eu queria registrar meu voto para a opinião pública. Quando tratamos de vidas, temos que ter cuidados”, afirmou Maia.

Lira era contra que a votação ocorresse no dia 2, um dia depois do pleito no Senado, e vinha fazendo críticas públicas a Maia. Segundo ele, o presidente vinha adotando posturas monocráticas e vinha perdendo a isenção para conduzir o processo de sua sucessão.

O grupo de Lira argumentava que Maia queria promover no dia 02 para que o MDB no Senado pressionasse deputados federais a votarem em Baleia Rossi (MDB-SP), nome de Maia, a depender do resultado da votação no Senado.

Voto impresso

Em entrevista a jornalistas, Maia aproveitou para ironizar a defesa de Bolsonaro pelo voto impresso nas próximas eleições presidenciais. Para a votação da sucessão de Maia, eleitores bolsonaristas têm organizado caravanas em apoio a Lira e ao voto impresso, como mostrou a Folha no sábado (16).

“Eu até achei que uma parte lá [da Mesa], contaminada pelo governo, ia pedir o voto impresso. Parece que vem manifestante manifestar apoio ao candidato do governo e pedir junto o voto impresso. Você está vendo que risco corremos para a eleição de 2022”, disse. (Com informações da Agência Câmara)

 

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