Dia Internacional da Mulher

Em 2018, mulheres representaram 15% dos eleitos nas esferas federal e estadual

Percentual é maior que o registrado em 2014, mas ainda é pouco em relação à presença dos homens em espaços políticos

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Congresso Nacional. Foto: Pedro França/Agência Senado

No ano passado os brasileiros elegeram os novos representantes políticos que os representarão até às próximas eleições. Pela primeira vez, em 2018, foi obrigatório que os partidos destinassem pelo menos 30% dos repasses do Fundo Partidário para candidaturas femininas, como forma de incentivo à representatividade feminina na política. A decisão é do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2014, cerca de 11% do total de eleitos no Legislativo estadual e Executivo em esfera federal e estadual eram mulheres. Em 2018, esse percentual cresceu para 15%. O aumento da presença delas nos espaços de poder aumentou, mas ainda representa um índice baixo em relação ao número de homens que ocupam cadeiras do Executivo e Legislativo.

Na Câmara dos Deputados, para a legislatura de 2019 a 2022, o número de mulheres deputadas federais representa 15% do total de parlamentares na Casa. Dos 513 deputados federais, apenas 77 são mulheres. No entanto, esse índice já é o maior que o registrado na última legislatura, quando apenas 51 mulheres ocupavam cadeiras na Câmara — representando 10% do total.

O Distrito Federal foi a unidade da federação que mais elegeu mulheres: cinco dos oito parlamentares que representam o DF. São Paulo elegeu o maior número de deputadas, com 11 delas ocupando as 70 cadeiras do estado. Na contramão, Maranhão, Sergipe e Amazonas não elegeram nenhuma mulher.

Algumas dessas mulheres eleitas para a Câmara adicionaram ainda mais representatividade à Casa: Joênia Wapichana (Rede-RR) é a primeira mulher indígena a ocupar o cargo de deputada federal.

Já no Senado, o número de mulheres diminuiu após as eleições de 2018. A bancada feminina na Casa passou de 13 integrantes para 12, com sete senadores eleitas no último pleito e uma vaga de suplente. Do total de candidaturas para o Senado, apenas 17% eram femininas — no Acre, na Bahia e em Tocantins não houve candidata.

Pelo menos, o Distrito Federal elegeu pela primeira vez uma mulher: a senadora Leila (PSB) ficou em primeiro lugar na disputa eleitoral. No Mato Grosso, também foi uma mulher quem recebeu o maior número de votos para o Senado, a juíza Selma Arruda (PSL).

Deputadas estaduais

A quantidade de mulheres eleitas para cargos de deputada estadual e distrital nas eleições de 2018 foi de 161, número cerca de 35% maior que o de 2014, quando 120 mulheres foram eleitas para cadeiras nas assembleias legislativas e Câmara Legislativa, no caso do Distrito Federal.

O estado com o maior número de deputadas estaduais eleitas foi São Paulo, com 18 mulheres eleitas. Em seguida aparece o Rio de Janeiro, com 12. Minas Gerais, Bahia e Pernambuco aparecem com dez cada. O Mato Grosso do Sul foi o único estado que não elegeu nenhuma mulher para o cargo.

Mulheres no Executivo estadual

No Executivo das unidades federativas, a situação foi ainda mais crítica. Apenas uma mulher foi eleita como governadora. Fátima Bezerra (PT) desbancou Carlos Eduardo (PDT) no segundo turno pelo governo do Rio Grande do Norte. Até então senadora, Bezerra foi a governadora eleita com o maior número de votos da história do estado. Em 2014, o resultado foi o mesmo, com apenas uma mulher eleita governadora. Suely Campos, do PP, assumiu o governo de Roraima.

Ao todo, no ano passado, 30 mulheres se candidataram para o governo de seus estados. No entanto, Alagoas, Amapá, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Sul e Rondônia não tiveram nenhuma candidatura feminina para o cargo. Por outro lado, Pernambuco e Piauí tiveram, cada, três candidatas ao Executivo local.

Pouca representatividade

Mundialmente, o cenário para as mulheres brasileiras que querem ingressar na política também não animador. Em um levantamento realizado pela União Parlamentar, o Brasil ocupa a 156ª posição de 190 países em relação a paridade de gênero em espaços políticos.

Em todo o mundo, entre 2017 e 2018, a participação feminina nesses locais não cresceu nem 1% — passou de 23,4% para 24,3%. De acordo com a União Parlamentar, apesar do crescimento ter sido leve, o número de mulheres na política vem melhorando a cada ano. A organização destaca o crescimento entre os anos de 1995 e 2008, quando a participação feminina passou de 11,3% para 18,3%.

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