Deputados negam ‘consenso’ para eleger tio de Renan Filho presidente da ALE
Favorito, Marcelo Victor nega 'proposta' e ressalta independência do parlamento

A sinalização do governador Renan Filho (MDB) de anunciar seu novo secretariado somente após a definição da eleição da futura Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) é uma de suas primeiras iniciativas para convencer os deputados estaduais a eleger seu tio Olavo Calheiros (MDB-AL) como presidente do Legislativo Estadual. Mas nem mesmo a abertura de vagas como a do Detran, ou a divulgação de uma ainda inexistente “proposta de consenso” não convencem a maioria da ALE a abrir mão da eleição do deputado Marcelo Victor (SD-AL) para presidir o Legislativo.
O próprio Marcelo Victor e a maioria do parlamento alagoano mantêm firme a ideia de não eleger o tio de Renan Filho, sob a justificativa de preservar o poder do legislador e não ficar refém dos interesses do Executivo.
Marcelo Victor negou ter recebido qualquer proposta de Renan Filho para uma eventual composição para abrir mão de sua candidatura e apoiar Olavo Calheiros como presidente. E ao confirmar ao Diário do Poder que não tratou do assunto com o governador, ressaltou a necessidade de respeito ao fato de que a eleição da Mesa da ALE é uma questão interna dos deputados estaduais.
“Não tratei de assembleia com o governador. Assembleia é um poder independente que irá encontrar o seu próprio caminho. Com o governador, só tratei de continuar o apoiando nesse grande trabalho que ele vem realizado por Alagoas”, reagiu, de forma diplomática, Marcelo Victor, ao ser questionado pelo Diário do Poder.
A reportagem apurou que Marcelo Victor já tem o apoio formal de 19 dos 27 parlamentares. E o governador não tem tocado no assunto ao conversar com os eleitos para a próxima legislatura. “Lógico que eleição só depois da apuração, mas eu acho muito difícil reverter. Olavo Calheiros só teria o apoio de Breno Albuquerque [PRTB], Fátima Canuto [PRTB], Ricardo Nezinho [MDB], Silvio Camelo [PV], Jó Pereira [MDB] e Antônio Albuquerque [PTB]”, disse um dos deputados da base de apoio de Marcelo Victor.
A movimentação de interlocutores dos anseios do governador só tem agravado o desconforto dos aliados, que esperam respeito à independência do Legislativo e já sentem o tratamento distante de Renan Filho, após uma reeleição fácil e sem adversários competitivos.
Na sede do governo, no Palácio República dos Palmares, o desejo é de que Olavo seja eleito para, por exemplo, fortalecer o governador durante um segundo mandato em tempos mais difíceis na relação com o governo federal de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente da República sem o apoio da família Calheiros em Alagoas.
Já o interesse atribuído a Olavo Calheiros seria defender e agir publicamente pela redução das despesas do Legislativo. Tudo pano de fundo para articular com mais facilidade seu acesso ao cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, sem resistências políticas, como presidente da ALE.