Um ano do assassinato

Delegado que investigou a morte de Marielle deixa o caso e vai fazer intercâmbio na Itália

Motivo oficial é que ele cumpriu a missão; ainda não há nome do substituto

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O delegado da Polícia de Homicídios da Capital, Giniton Lages. Foto: Tomaz Silva/ABr

O delegado Giniton Lages, chefe da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, responsável por conduzir as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, será afastado do caso pela Polícia Civil. O motivo oficial do afastamento é a conclusão da missão, mas o governador do estado, Wilson Witzel, informou que Lages fará um intercâmbio de quatro meses na Itália.

“Como ele está com essa experiência toda adquirida do caso e nós estamos com esse intercâmbio com a Itália, exatamente para estudar a máfia e os movimentos criminosos, ele vai fazer essa troca de experiência com a polícia italiana”, disse Witzel.

O chefe da Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius Braga, indicará na semana que vem o encarregado da segunda etapa da investigação, centrada em descobrir quem mandou matar a vereadora e o motorista.

Durante a entrevista coletiva do delegado ontem, ele afirmou que um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro namorou a filha do sargento reformado Ronnie Lessa, preso junto com o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, acusados de serem os executores de Marielle e Anderson. Lessa foi preso em casa. Ele mora no mesmo condomínio de luxo em que o presidente Bolsonaro tem uma casa, na Zona Oeste do RJ. Lessa também tem uma casa de luxo em Angra dos Reis.

Ainda ontem, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) defendeu uma CPI do Congresso para investigar as milícias e pregou o afastamento do delegado Giniton Lages. O parlamentar disse que “não tem o menor cabimento” avaliar que “pistoleiros, matadores históricos do Rio de Janeiro”, tenham agido por conta própria ao assassinar a vereadora Marielle Franco. O delegado Giniton Lages aventou essa hipótese ontem, bem como o Ministério Público do Rio.

Na opinião de Freixo, “é evidente” que existem um ou mais mandantes, que podem pertencer a um grupo político fluminense. O deputado lembrou que “houve muito erro, muito desacerto” na investigação da Polícia Civil ao longo de quase um ano. Ele cobrou os motivos pelos quais houve demora na investigação de Lessa e de Queiroz.

Nesta quinta-feira, 14, completa um ano do assassinato de Marielle e Anderson.

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