CPI: Pazuello atribui a governo estadual a responsabilidade por caos em Manaus
Presidente da CPI da Pandemia diz que "povo amazonense foi feito de cobaia"
A CPI da Pandemia retomou nesta quinta-feira, 20, a sessão com o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. A sessão de ontem foi interrompida para a sessão plenária do Senado, mas havia a previsão que fosse retomada no mesmo dia. No entanto, o ex-ministro passou mal.
Após menos uma hora do início da sessão desta quinta, ela foi suspensa por dez minutos pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), após bate-boca entre os senadores. O tumulto começou depois que o senador Marcos Rogério (DEM-RO) exibiu vídeo de governadores defendendo uso da hidroxicloroquina de acordo com recomendação médica, ainda no início da pandemia.
Omar Aziz, então, fez um contraponto. “Uma coisa que evolui com uma rapidez muito grande é a ciência. Isso aí foi em março de 2020. Não foram só os governadores, o especialista em infectologia David Uip também, mas pergunte para ele hoje e ele vai dizer que não é”, disse o presidente da CPI.
Falta de oxigênio em Manaus
Questionado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre quem seria o responsável pela falta de oxigênio em Manaus, Pazuello afirmou que a White Martins, empresa fornecedora do insumo, não foi clara sobre a iminência do colapso. O ex-ministro também afirmou que a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas não apresentou nenhuma medida para evitar a crise sanitária no Estado.
“Somos abastecidos pelas informações das secretarias estaduais. Fica claro para mim que a preocupação com o acompanhamento do oxigênio não era foco da secretaria de Saúde do AM. No próprio plano de contingência não apresentava nenhuma medida quando a oxigênio. A empresa White Martins já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez sua posição de uma forma clara desde o início. Se a Secretaria de Saúde tivesse acompanhado de perto, teria descoberto que estava sendo consumido uma reserva estratégica”, disse o general.
Questionado, o ex-ministro da Saúde afirmou que o fechamento do hospital de campanha Nilton Lins foi uma decisão do governador do Estado, Wilson Lima (PSC). Na sequência, o senador Eduardo Braga questionou por que não foi decretada intervenção federal na saúde pública do Amazonas. “Eu fiz carta ao presidente da República”, destacou o senador emedebista. “Essa decisão não era minha. O governador se apresentou à reunião de ministros, se explicou, apresentou suas observações e foi decidido pela não intervenção”, explicou Pazuello.
“Faltou participação e planejamento por parte da Secretária do Estado, mas Vossa Excelência precisa ser afirmativo, porque foi com toda o Ministério da Saúde para o Estado do Amazonas e não tomaram providências para resolver o problema de oxigênio”, rebateu Braga.
Aplicativo TrateCov
Em seguida, sobre o aplicativo TrateCov, que estimulava o uso de cloroquina, o general explicou a tecnologia foi desenvolvida para “facilitar o diagnóstico” de pessoas que possam estar infectadas com a Covid-19. “Era muito interessante que tivéssemos um diagnóstico mais rápido”, disse o ex-ministro. No entanto, a iniciativa prescrevia medicamentos ineficazes para o tratamento da doença para qualquer paciente, independentemente do quadro clínico.
Eduardo Pazuello disse que o aplicativo do Ministério da Saúde foi roubado e divulgado sem autorização da pasta. No entanto, no dia 11 de janeiro, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, fez o lançamento da plataforma durante um evento em Manaus, ao lado de Pazuello.
“O hacker é tão bom que ele conseguiu colocar o aplicativo em uma matéria na TV Brasil”, ironizou Omar Aziz, citando o fato de que o aplicativo foi anunciado em evento oficial em Manaus.
“Povo amazonense foi feito de cobaia”
O presidente da CPI, senador pelo Amazonas, afirmou que “Tudo que poderia ter sido para usar o povo amazonense de cobaia foi feito”. A declaração foi feita quando Pazuello respodia questionamentos sobre a crise de falta de oxigênio em Manaus, no início do ano.
“Tudo aquilo que poderia ter sido feito com o povo do Amazonas para testar, para usar de cobaia, ter experiência lá, foi feito. Inclusive, um suposto programa para supostamente identificar se você estava com Covid-19 ou não”, disse.
Acompanhe ao vivo: