R$ 100 milhões

‘Bunker’ de Paulo Preto era dobro de Geddel, diz Ministério Público

Operador do PSDB tinha entre R$ 100 milhões e R$ 110 milhões em dinheiro guardados em dois imóveis de SP

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O já absurdo “bunker” de dinheiro de Geddel Vieira Lima de R$ 51 milhões ficou para trás. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, é suspeito de ter mantido um bunker para guardar dinheiro em espécie, onde manteria entre R$ 100 milhões e R$ 110 milhões, em dois imóveis de São Paulo.

“Isso é um escárnio”, afirmou o procurador da República Roberson Pozzobon, ao revelar o caso à imprensa nesta terça-feira, 19.

Paulo Preto foi preso hoje pela Operação Lava Jato. Ele é suspeito de ser operador de esquema do PSDB.

O relato sobre o bunker foi feito à Lava Jato pelo empresário Adir Assad, que operava propina para a empreiteira Odebrecht e fez acordo de delação premiada com a força-tarefa.

Assad teria visitado o local diversas vezes – eram dois endereços, uma casa no bairro Vila Nova Conceição e um apartamento na avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Ainda segundo o delator, o apartamento, usado exclusivamente para armazenar valores, era tão cheio de dinheiro que Paulo Preto eventualmente colocava as notas ao sol, para que não mofassem. O imóvel pertenceria à cunhada do operador.

A delação de Assad foi um dos elementos usados para deflagrar a operação desta terça-feira, que teve também como alvo o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB), atualmente presidente da estatal Investe SP, cargo de primeiro escalão da gestão do governador João Doria (PSDB).

A Procuradoria acusa Paulo Preto de ter movimentado pelo menos R$ 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017. Em uma dessas contas, segundo a Procuradoria, foi emitido um cartão de crédito em favor de Aloysio, em dezembro de 2007 — que teria sido entregue a ele num hotel em Barcelona, na Espanha.

Na época, Aloysio era secretário da Casa Civil do Governo de São Paulo, na gestão de José Serra (PSDB).

A Lava Jato investiga o papel de operador financeiro de Paulo Preto em favor da Odebrecht, fornecendo dinheiro em espécie para o pagamento de propinas pela empresa.

O delator ainda afirmou que usava uma perua para ir a um dos bunkers de Paulo Preto. Lá, carregava de 12 a 15 malas de viagem cheias de dinheiro, com R$ 1,5 milhão cada.

Os fatos relatados por Assad teriam ocorrido entre 2010 e 2011.

Nenhum dos endereços, porém, foi alvo da operação desta terça: segundo as investigações, eles não eram mais atuantes há alguns anos.

A Lava Jato ainda não sabe a origem dos valores mantidos em espécie por Paulo Preto nos bunkers.

O ex-diretor da Dersa já é alvo de investigação pela Lava Jato em São Paulo, que apura desvios em obras rodoviárias no estado. Mas, segundo os procuradores de Curitiba, sua atuação no governo paulista não é alvo da investigação desta terça, que se concentra em seu papel de operador da Odebrecht.

Os procuradores argumentam que os repasses de Paulo Preto à Odebrecht foram imediatamente anteriores a pagamentos de propina para ex-diretores e gerentes da Petrobras, como Paulo Roberto Costa, Roberto Gonçalves e Pedro Barusco.

O ex-senador Aloysio Nunes, por sua vez, já foi alvo de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) que apurava doações irregulares à sua campanha ao Senado, em 2010. Mas a investigação foi arquivada no fim do ano passado, por falta de indícios mínimos de autoria ou materialidade. (Com informações da FolhaPress)

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