'Não podemos aceitar'

Se Flávio errou e for provado, vai ter de pagar o preço, afirma Bolsonaro

Em Davos, presidente concedeu entrevista à agência de notícias Bloomberg

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Bolsonaro concede entrevista à agência de notícias Bloomberg, em Davos Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta quarta-feira, 23, que se o senador eleito Flávio Bolsonaro, seu filho mais velho, errou e se isso for provado, ele terá que pagar pelos atos dele. A afirmação foi feita durante entrevista à agência Bloomberg, antes de cumprir a agenda oficial do Fórum Econômico Mundial, em Davos.

“Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”, afirmou o presidente.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou movimentações financeiras atípicas de R$ 1,2 milhões do ex-assessor Fabrício Queiroz. A movimentação do ex-assessor chega a R$ 7 milhões em três anos. Queiroz recebeu, por exemplo, transferências de outros funcionários do gabinete de Flávio e deu um cheque de R$ 24 mil à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A situação de Flávio piorou após a revelação de que o Coaf encontrou 48 depósitos em dinheiro vivo no valor de R$ 2 mil entre junho e julho de 2017 nas contas bancárias de Flávio, ex-deputado estadual, totalizando R$ 96 mil. Os depósitos foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo Flávio, o dinheiro é parte do pagamento da venda de uma cobertura em Laranjeiras, no Rio. A transação em dinheiro vivo foi confirmada pelo ex-atleta Fábio Guerra, que comprou o imóvel. No entanto, as datas dos depósitos fracionados divergem dos pagamentos registrados na escritura de venda do imóvel.

Nesta terça, 22, uma operação deflagrada pelo Ministério Público para prender suspeitos de chefiar milícias no Rio de Janeiro agravou a situação de Flávio. O deputado empregava como assessoras em seu gabinete, até novembro do ano passado, a mãe e a mulher do ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, 42, um dos alvos da operação e que está foragido.

Segundo Flávio, Queiroz, que também é ex-policial, foi quem indicou as mulheres para trabalharem no gabinete.

Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio sob suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de bens — ele faltou a depoimentos alegando problemas de saúde e foi hospitalizado. Flávio pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão dessa investigação alegando irregularidades e ter direito ao foro especial.

Na volta do recesso, o ministro Marco Aurélio deve definir onde o caso deve tramitar.

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