COP-25

Bolsonaro pediu veto à Conferência do Clima em 2019 no Brasil

Eleito disse que política ambiental atrapalha o desenvolvimento do Brasil

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O encontro de Bolsonaro com Onyx também serviu para definir a agenda dos próximos dias. Foto: Valter Campanato/ABr

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 28, que a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas) não será mais sediada no Brasil por recomendação dele próprio.

“Houve participação minha nessa decisão. Nosso futuro ministro, eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil”, afirmou Bolsonaro.

O evento, discute mudanças climáticas no mundo e como as nações podem trabalhar para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, como previsto no Acordo de Paris, seria realizado de 11 a 22 de novembro de 2019.

Após o anúncio feito pelo Itamaraty, ontem, em nota, às Nações Unidas, o Observatório do Clima alertou que ao retirar a candidatura para sediar a COP-25, o Brasil poderá perder o papel de protagonista nas discussões climáticas.

O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, coordenador do gabinete de transição, tentou orientar a resposta do presidente eleito. “Nós não temos nada a ver com isso. Isso é uma decisão do Itamaraty”, disse Onyx a Bolsonaro, em tom mais baixo. Mesmo assim, Bolsonaro respondeu dizendo que interferiu para que a conferência não acontecesse.

Política ambiental atrapalha

Segundo Bolsonaro, o país que mais preserva o meio ambiente no mundo é o Brasil. “Mas não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agronegócio, e eles estão sufocados por questões ambientais”, declarou.

No começo de setembro, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris (assinado por 195 países com o objetivo de reduzir o aquecimento global) porque, no entendimento dele, o Brasil teria de abrir mão de 136 milhões de hectares na Amazônia e isso afetaria a soberania nacional.

“Quero deixar bem claro como futuro presidente que, se isso for o contrapeso, nós, com toda certeza, nós teremos uma posição que pode contrariar muita gente. Mas, vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, eu não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos [pela realização da COP] que seriam, no meu entender bastante exagerados, tendo em vista o déficit que nós já temos no momento”, declarou.

Esta semana autoridades da cidade de Foz do Iguaçu e o governador eleito do Paraná, Ratinho Junior, enviaram para Brasília um ofício em defesa da realização da próxima COP-25 no Paraná. Segundo o documento, o evento poderia movimentar R$ 400 milhões e a circulação de cerca de 35 mil pessoas.

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