Bolsonaro chama Montezano de garoto e diz que houve erro em auditoria do BNDES
Auditoria que buscava suposta 'caixa-preta' no banco custou R$ 48 milhões
Segundo o presidente Jair Bolsonaro, houve erro em auditoria do BNDES que custou R$ 48 milhões em relatório de investigação externa referente a operações entre o banco e as empresas JBS, Bertin e Eldorado, entre os anos de 2005 a 2018. A auditoria não encontrou indícios de corrupção em oito operações investigadas.
“Informações que tenho até o momento: essa auditoria começou no governo Temer. E teve dois aditivos. O último aditivo parece, não tenho certeza, seria na ordem de R$ 2 milhões. E chegou a R$ 48 milhões no final. Tá errado, tá errado”, disse ao entrar no Palácio da Alvorada.
No 10 de dezembro, o BNDES divulgou que o relatório indicou que não foram encontradas evidências diretas de corrupção, influência indevida sobre a instituição ou pressão por tratamento diferenciado na negociação, aprovação e/ou execução das oito operações investigadas. O documento foi entregue à Procuradoria-Geral da República.
“Tem coisa esquisita aí. Parece que alguém quis raspar o tacho. Não sei se vou ter tempo para estar com Paulo Guedes hoje, parece que ele está em Brasília. É o garoto lá [Gustavo Montezano, presidente do banco], foi o garoto, porque, conheço por coincidência desde pequeno, o presidente do BNDES é um jovem bem intencionado. E ele que passou as informações disso que falei para vocês agora que são os aditivos. A ordem é não passar a mão na cabeça de ninguém. Expõe logo o negócio e resolve”, afirmou, não deixando claro se considera a medida um erro do presidente do banco.
Gustavo Montezano é o segundo presidente do BNDES da gestão Bolsonaro. Ele foi chamado após o presidente ter se irritado com a gestão de Joaquim Levy, escolhido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) para o cargo logo no período de transição.
A “abertura da caixa-preta” do BNDES era uma das principais promessas do então de Bolsonaro quando ainda candidato para a área de economia durante a eleição. O político costuma apontar problemas em empréstimos do banco para países como Cuba e Venezuela. O presidente havia prometido, inclusive, “abrir a caixa-preta” do BNDES na primeira semana de governo.
A investigação no BNDES foi iniciada em 2018, promovida pelo escritório Cleary Gottlieb Hamilton & Steen LLP, e buscava apurar evidências de suborno, corrupção ou influência indevida nas atividades do BNDES. (Folhapress)