E o desmatamento só sobe

Bolsonaro: Ampliação de áreas de proteção ambiental ‘dificultava progresso’ no país

Presidente afirmou ainda que Merkel e Macron não têm autoridade para discutir questão ambiental do Brasil

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Presidente Jair Bolsonaro em café da manhã com ministros e parlamentares. Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar, nesta quinta-feira, 4, a pressão dos governos francês e alemão sobre a política ambiental. Ele disse ainda que, no passado, líderes estrangeiros influenciavam governos brasileiros a demarcar terras indígenas e quilombolas, e a ampliar áreas de proteção ambiental, o que, segundo ele, dificultava o progresso do país.

“Em Osaka, no G-20, convidei Emmanuel Macron e Angela Merkel para sobrevoar a Amazônia. Se eles encontrarem um km2 de desmatamento entre Boa Vista e Manaus concordaria com eles na questão ambiental. Sobrevoei a Europa, já por duas vezes, e não encontrei um km2 de floresta. Diante disso, Merkel e Macron não têm autoridade para discutir questão ambiental com Brasil”, disse o presidente, sendo aplaudido pela bancada ruralista presente no café da manhã com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

“O que senti agora, em Osaka no Japão, por parte especial de dois chefes de Estado, é uma coisa que confirmou o que eu pensava no passado, o que eles pensam ao nosso respeito”, disse Bolsonaro. “Esses dois [Macron e Merkel], em especial, achavam que estavam tratando com governos anteriores, que, após reuniões como essas, vinham para cá e demarcavam dezenas de áreas indígenas, demarcavam quilombolas, ampliavam área de proteção, ou seja, dificultavam cada vez mais o nosso progresso aqui no Brasil”, completou.

Bolsonaro ainda relatou aos parlamentares que deu um “rotundo não” a Macron, que lhe pediu para tratar de questões ambientais na presença do cacique Raoni, líder da etnia kayapó, que ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia

“O senhor Macron queria que eu, ele, ao lado do Raoni, viesse anunciar decisões para nossa questão ambiental. Dei-lhe um rotundo não. Não reconheço o Raoni como autoridade aqui no Brasil. Ele é um cidadão como outro qualquer, que nós devemos respeito e consideração”, disse Bolsonaro.

Ainda sobre o líder indígena, Bolsonaro afirmou não reconhecer sua autoridade no Brasil e disse que ele é um cidadão como qualquer outro. “Raoni não é autoridade para estar ao meu lado e anunciar decisões sobre o Brasil”, argumentou o presidente.

Bolsonaro destacou que a maior demonstração de que está ao lado da bancada ruralista é a indicação de um ministro para o Meio Ambiente “casado” com o agronegócio. “Imaginem o inferno que seria a vida de vocês, se tivéssemos um ministro do Meio Ambiente como os anteriores. Tivemos a oportunidade e bom senso de escolher ministro para Meio Ambiente que casa questão ambiental com desenvolvimento”, enfatizou o presidente.

Desde a campanha eleitoral, em 2018, Bolsonaro critica as demarcações de terras realizadas por governos anteriores e afirma que não pretende demarcar novas áreas. O presidente repassou ao Ministério da Agricultura a demarcação de terras indígenas, medida contestada na Justiça. A demarcação antes ficava a cargo da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Desmatamento na Amazônia

O desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo mês no ano passado. Os dados consolidados do mês foram inseridos nesta quarta-feira, 3, no sistema Terra Brasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Até a terça, o balanço parcial do período entre 1º e 28 de junho mostrava um desmatamento de 769 km². Eles mostram que, só no último domingo, 30, mais de 150 km² de floresta foram destruídos – no sábado, 29, não houve registros no sistema.

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