Desarticulação

Bolsonaro afirma que o “grande problema do Brasil é a classe política”

Na sexta, o presidente afirmou que o país "é ingovernável" sem "conchavos" e disse que “corporações” boicotam seu governo

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Bolsonaro recebe prêmio Mérito Industrial da Firjan. Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda, 20, que “o grande problema do Brasil é a classe política”, durante discurso na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Ele repetiu conceitos da mensagem que compartilhou na sexta, 17, segundo a qual o país “é ingovernável” sem os “conchavos” que ele se recusa a fazer. O texto ainda acusava “corporações” de boicotar seu governo.

“O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo. Mas o grande problema é a nossa classe política”, disse ele, ao pedir apoio do governador e do prefeito do Rio, Wilson Witzel (PSC) e Marcelo Crivella (PRB), respectivamente.

“É nós [sic] Witzel, é nós [sic] Crivella, sou eu, Bolsonaro, é o Parlamento, em grande parte, é a Câmara Municipal, é a Assembleia Legislativa. Nós temos que mudar isso.”

Bolsonaro vem enfrentando dificuldades no relacionamento com o Congresso Nacional. Líderes partidários atribuem à falta de articulação política derrotas sofridas pelo governo, entre as quais a pretensão da comissão da reforma da Previdência de modificar a proposta enviada pelo Executivo.

Nesta semana, o presidente precisa de votos no Congresso para garantir a aprovação de 11 medidas provisórias prestes a expirar. A maioria delas tem relevante impacto econômico e na estrutura administrativa do governo.

“Cada vez que eu toco o dedo numa ferida, um exército de pessoas influentes se vira contra mim, buscam de todas as maneiras me desacreditar”, afirmou, no evento no Rio, conclamando os presentes a pressionar seus parlamentares a votar propostas do governo.

“Nós temos uma oportunidade ímpar de mudar o Brasil. Mas não vou ser eu sozinho –apesar de meu nome ser Messias– que vou conseguir”, apelou o presidente.

Em seu discurso na Firjan, Bolsonaro afirmou que não há crise entre poderes e voltou a criticar a imprensa. “O que há é uma grande fofoca. E parece que, lamentavelmente, grande parte da nossa mídia se preocupa mais com isso do que com a realidade e o futuro do Brasil”, disse.

Ele criticou, porém, o ritmo das votações no Congresso. “O que mais quero é conversar [com o Congresso]. Mas eu sei que tem gente que não quer apenas conversar”, disse, sem especificar quem seriam e quais os interesses desses últimos.

No Rio, Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Industrial concedida pela Firjan –segundo o presidente da federação, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, por ter editado a MP da liberdade econômica, com medidas para desburocratizar os investimentos. ​

Na lista de prioridades do governo, está a MP que mudou a estrutura da Esplanada, mexeu com funções de ministérios e reduziu para 22 o número de pastas. Se a medida provisória não for aprovada por Câmara e Senado em duas semanas, o texto expira e o governo será obrigado a retomar a estrutura anterior, com 29 ministérios.

Além da oposição, as derrotas recentes do governo no Congresso contam como patrocinador o chamado centrão, grupo informal de partidos formado por DEM, PSD, PTB, PP, PR, entre outros.

O DEM, por exemplo, comanda a Câmara, o Senado e três ministérios do governo. (Com informações da FolhaPress)

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