Bolsonaro acusa jornalista e jornal acusa o presidente, mas não é bem assim
Presidente confiou na tradução mal feita por um site e a jornalista se empolgou

Os áudios da conversa entre a jornalista Constança Rezende e um personagem não identificado sobre os documentos obtidos junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e que, segundo ela, são comprometedores para o senador Flávio não comprovam a versão do presidente, Jair Bolsonaro, tampouco a do jornal.
Com inglês básico e usando o famoso embromation, Constança está falando português com palavras em inglês. Logo no primeiro áudio, a jornalista fala que se dedicou por trinta dias ao caso que pode destruir sua vida, mas que tem o potencial de “compromate (em vez de compromise)” e “arruin (em vez de ruin) Bolsonaro”. Sem acesso à pergunta que originou a resposta, é irresponsabilidade até mesmo definir se a jornalista se refere a Flávio ou Jair.
No segundo áudio, ela externa a preocupação de que o caso seja abafado e dá a primeira munição para os defensores da teoria de conspiração contra o presidente ao afirmar que o caso poderia levar ao impeachment. Ela, com certeza sabe, ou deveria saber devido ao grande debate em torno do impeachment da ex-presidente Dilma, que atos anteriores ao mandato não podem provocar o impedimento.
Nos demais áudios ela e a outra pessoa falam sobre como ela obteve os documentos junto ao Coaf e ela explica que os dados não são públicos, mas, como jornalista, obteve os documentos com suas fontes. Nesse ponto, ela afirma que o Coaf tinha os dados há mais de um ano, portanto, antes da eleição. Ao ser questionada sobre se o Coaf segurou a investigação por alguma razão, ela afirma enfaticamente, que sim.
Em resumo, enquanto o presidente caiu na tradução mal feita divulgada por um site, a jornalista parece mais satisfeita com o furo que levou à investigação da atuação de Fabrício Queiroz, assessor do senador Flávio Bolsonaro, do que com a ruína do governo Bolsonaro.