Se ele quiser

Barroso interpela Bolsonaro para explicar declarações sobre pai do presidente da OAB

Objetivo é que o presidente possa "esclarecer eventuais ambiguidades ou dubiedades dos termos utilizados"

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O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo/ABr

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso interpelou o presidente Jair Bolsonaro para que ele esclareça “eventuais ambiguidades ou dubiedades dos termos utilizados” nesta semana, ao falar sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

O presidente tem 15 dias para responder à interpelação.

A decisão atende a um pedido do advogado, que, de acordo com o despacho de Barroso, “se sentiu pessoalmente ofendido e entendeu que, das declarações do senhor Presidente da República, se poderia inferir a prática dos crimes de calúnia contra a memória de seu pai”.

Na segunda, 29, Bolsonaro disse que poderia explicar a Felipe Santa Cruz como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”.

Fernando Santa Cruz desapareceu na época da ditadura militar depois de ser preso por agentes do Estado. Até hoje, sua morte é um mistério e seu corpo nunca foi encontrado.

Depois de afirmar que sabia qual tinha sido o destino de Santa Cruz, Bolsonaro voltou ao assunto. Numa live enquanto cortava o cabelo, o presidente afirmou que ele foi morto por integrantes da AP, a Ação Popular, de oposição à ditadura, que chamou de “grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco”.

A declaração contraria documentos oficiais (da Comissão da Verdade, da Marinha e da Aeronáutica) que dizem que Fernando Santa Cruz foi preso por agentes do Estado e desapareceu. A AP, por sua vez, nunca foi um grupo armado. Ex-militantes da organização anunciaram que também vão processar o presidente.

O atestado de óbito diz que ele teve morte “morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”. (Com informações da Folhapress)

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