Entrevista DP

Aldo se lança à Presidência, sem pleitear apoio de Lula e do PT

Candidato ao Planalto, Aldo prega união contra desigualdade

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Aldo Rebelo será candidato pelo Solidariedade (Foto: Facebook)

Depois de quatro décadas de militância comunista no PCdoB, o ex-ministro Aldo Rebelo teve sua breve passagem de menos de sete meses pelo PSB interrompida no último dia 5, após discordar da filiação do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Mas não desistiu de sua pré-candidatura presidencial, que será lançada pelo Solidariedade, na próxima segunda-feira (16), após convite aceito pelo alagoano que já presidiu a Câmara dos Deputados como parlamentar eleito pelo Estado de São Paulo, entre 2005 e 2007.

Aldo Rebelo não condiciona sua candidatura ao apoio do PT, nem pleiteia o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR), condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas quer manter o respeito e gratidão ao ex-presidente petista e à ex-presidente cassada Dilma Rousseff, apesar de saber que ingressa na disputa presidencial contra o partido que o nomeou ministro nas pastas da Coordenação Política; Esportes; Ciência e Tecnologia, e de Defesa.

Nesta entrevista ao Diário do Poder, Aldo Rebelo prega união da esquerda com o centro, em torno de uma agenda de desenvolvimento, para unir forças políticas, econômicas e sociais, em defesa da retomada do crescimento da economia. E defende a equação que tem no crescimento econômico um sinônimo de recursos públicos para a redução das desigualdades. “Quando o país para de crescer, você não tem dinheiro para nada”, afirma.

Rebelo é crítico do Judiciário e do Ministério Público, as quais já se referiu como “corporações iluminadas” que se julgam deuses de tentar subtrair da política os destinos da população. E diz ter pensado que o PSB resistiria a ideia de filiar Joaquim Barbosa para lançá-lo à corrida presidencial, pelo fato de o ministro sempre ter negado a política. Mas já considera a questão uma página virada.

Leia a entrevista:

Está mesmo disposto a disputar a presidência da República pelo Solidariedade?
Eu já tinha posto meu nome à disposição do PSB. Mas diante da inclinação da direção do partido pelo nome do Joaquim, recebi um convite do Solidariedade para disputar a eleição presidencial, aceitei o convite e aceitei essa jornada. Tenho uma relação boa, já são meus amigos, assinaram o manifesto que publiquei em defesa da união nacional.

Esta pré-candidatura está consolidada, ou depende do ingresso do Lula ou não, no pleito?
Não. Ela está consolidada e será anunciada na próxima segunda-feira, aqui em São Paulo. E independe de outras candidaturas. É uma candidatura própria e vamos iniciar a jornada.

O senhor deve levar uma proposta ao eleitor, no atual momento político nacional, qual seria esta proposta?
A proposta é de unir forças políticas, econômicas e sociais, em defesa do desenvolvimento do Brasil, da retomada do crescimento da economia. Não há solução para o país, se a economia não voltar a crescer. Não há solução para a crise fiscal, para a crise da Previdência, para a crise do desemprego, e não há dinheiro para o financiamento das obrigações do serviço público com educação, saúde, segurança, defesa, ciência e tecnologia, se o país não voltar a crescer. Em 30 anos de vida pública, aprendi uma coisa, pelo menos: ‘Quando o país não cresce, não tem dinheiro para nada. E quando o país cresce, você tem dinheiro para tudo’. É essa a equação. Crescimento é sinônimo de recursos públicos. Quando o país para de crescer, você não tem dinheiro para nada.

Quais seriam os outros objetivos?
O outro objetivo, além da retomada do crescimento, é a redução das desigualdades. O país, não só continua muito desigual, como as desigualdades têm aumentado e se agravado com as dificuldades econômicas, a falta de recursos para os programas sociais. Então, reduzir as desigualdades, principalmente com políticas centradas na educação. A maior promessa de igualdade é quando você dá educação pública de boa qualidade para as crianças.

E o terceiro grande eixo é a valorização das liberdades democráticas que estão ameaçadas pelo elevado teor de intolerância e de ódio nas relações políticas, marcadas por agressões, físicas inclusive, ameaça a lideranças como o presidente Lula e a presidente Dilma, que foram alvos até de atentado a tiros, quando andaram pelo Rio Grande do Sul. Lideranças conservadoras que foram hostilizadas e ameaçadas por onde andam. Isso é inaceitável. É preciso preservar a liberdade e a democracia como elemento da vida nacional.

O senhor tem uma proposta de união, mas não significa que essa seja uma candidatura de centro. É uma candidatura de esquerda, mesmo, e que pleiteia o apoio das forças de esquerda, também?
Eu acho que é preciso unir forças de esquerda com forças de centro, para que o país possa ter também governabilidade. O centro, sozinho, não consegue governar o Brasil. E a esquerda, sozinha, também não. Então, é preciso unir essas forças.

O senhor, no PSB, foi surpreendido com o ingresso do ministro Joaquim Barbosa? Como se sente?
De certa forma, não. Isso já era uma possibilidade alimentada há muito tempo. Eu pensei que o partido fosse opor uma resistência a alguém quem não é da política, que sempre negou a política. Mas, infelizmente, o partido foi envolvido por essa agenda que dominou o país há muitos anos, como se essa agenda fosse resolver os problemas do Brasil. Mas isso é uma página que considero já virada e que não quero voltar a discutir.

O senhor acredita que terá o apoio do Lula a essa candidatura?
Não sei. O PT deve ter seu candidato. Mas, o mais importante é ter boas relações com o PT e preservar o meu respeito e a minha gratidão ao presidente Lula.

Alguma palavra especial ao eleitor alagoano, que vai ter dois candidatos a presidente nesta disputa, que também terá o senador Fernando Collor no pleito?
Minha palavra para Alagoas é sempre uma palavra de carinho, de gratidão, de reconhecimento de todas as minhas dívidas emocionais, espirituais, intelectuais. A Alagoas, eu devo muito. Sempre tenho uma palavra de carinho pela minha terra.

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