Expulsão prevista

Tucana de Alagoas contra reforma da Previdência pode até ser expulsa do partido

Tereza Nelma foi única tucana contra a PEC, após PSDB fechar questão pela reforma

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Deputada Tereza Nelma destaca potencial de aporte de R$ 340 milhões de loterias no Projovem. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Contrariando uma posição consolidada há um mês pelo PSDB, que fechou questão em apoio à Reforma da Previdência, a deputada Tereza Nelma (AL) foi a única parlamentar tucana a votar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e deve inaugurar o novo Código de Ética da legenda, que prevê expulsão para políticos que cometerem infidelidade partidária ou forem condenados criminalmente. Uma eventual expulsão por infidelidade partidária pode resultar em condenação à perda do mandato da deputada, pela Justiça Eleitoral.

A possibilidade de expulsão depende de representação de qualquer integrante do PSDB, bem como do início da vigência do código, aprovado em maio e pendente de homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que retorna do recesso em 1º de agosto.

Apesar de sua boa relação com líderes partidários locais e nacionais tucanos, a deputada alagoana tem o risco de expulsão agravado pelo fato de ter sido a única entre integrantes do PSDB a contrariar o chamado fechamento de questão, presente no código de ética, que pela primeira vez em três décadas obrigou os parlamentares filiados a votar na matéria da forma definida pelo partido.

Para contrariar a ordem do PSDB, deputada Tereza Nelma usou como argumento de que a reforma “permanece prejudicial aos trabalhadores, mais pobres e vulneráveis”. Ela foi uma das deputadas da bancada feminina a pedir e ter atendidas mudanças no texto original da proposta do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em relação às mulheres.

“Durante a tramitação tivemos alguns avanços e alguns pontos importantes foram retirados do texto, mas os privilégios a poucos que já são privilegiados, permaneceram. Sempre espero o melhor para o Brasil e, como vivemos uma democracia onde a maioria em plenário venceu, posso apenas torcer por um futuro melhor para o nosso país. E eu continuarei junto nessa construção. Agora, vamos para os destaques!”, escreveu a deputada, nas redes sociais.

Questionada pelo Diário do Poder sobre a possibilidade de expulsão, a assessoria da parlamentar respondeu o seguinte: “A deputada Tereza Nelma espera que não seja necessária nenhuma punição. Sua trajetória de lutas e a história dela na política, não condizem com os pontos ainda desiguais na reforma e que permanecem privilegiando os privilegiados. Por isso, de antemão, conforme divulgado no Twitter, ela comunicou ao líder do partido seu posicionamento”.

No perfil de Tereza Nelma no Instagram, a deputada chegou a ser acusada de ser uma petista no PSDB e até de vender seu voto: “Traíra da nação. Vergonha para o nosso estado. E não adianta esses baba-ovos aqui lhe aplaudindo, pq sabemos que são comprados [sic]”, disse Marcelo Hilláro Oliveira, um dos críticos.

A parlamentar reagiu: “Comprados? O meu voto foi coerente com aquilo que acredito e com aqueles que represento. Não existe reforma igualitária privilegiando as elites. Quem está aqui me apoiando, pensa e acredita no mesmo”.

O Diário do Poder apurou que, até o início da tarde desta quinta-feira (11), nenhuma representação foi formalizada no PSDB contra a deputada. Se houver pedido de expulsão, este somente poderá tramitar e ser avaliado por uma comissão de ética autônoma, a partir da homologação do Código de Ética pela Justiça Eleitoral, quando esta retornar do recesso, a partir de 1º de agosto. O julgamento não passa pelo crivo do presidente nacional do PSDB, Bruno Araujo, em razão da autonomia da comissão de ética.

Tereza Nelma foi eleita para seu primeiro mandato na Câmara Federal em 2018 com 44.207 votos e, caso seja cassada, pode ser substituída pelo seu 1º suplente, o ex-deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL), que teve 37.203 votos. Pedro é sobrinho do ex-senador e ex-governador de Alagoas Teotonio Vilela Filho, que já foi presidente estadual e nacional do PSDB.

Minoria em Alagoas

Em Alagoas, além de Tereza Nelma, os deputados Paulão (PT-AL) e João Henrique Caldas, o JHC (PSB-AL), foram os únicos a votar contra a Reforma da Previdência. Sendo que JHC, ao contrário da colega tucana, adequou seu voto ao fechamento de questão do PSB e desistiu de votar favorável à PEC.

Os deputados alagoanos que votaram a favor da reforma foram: Arthur Lira (PP), Isnaldo Bulhões (MDB), Sérgio Toledo (PL), Severino Pessoa (PRB), Nivaldo Albuquerque (PTB) e Marx Beltrão (PSD), tendo este último ido votar de cadeira de rodas.

Veja como a deputada explicou a infidelidade ao PSDB:

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