Valdir Cimino

Viva e Deixe Viver se reinventa tempos de Covid-19

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O novo coronavírus ficará marcado como o grande fato histórico do século. É algo que mudou nossas vidas e será lembrado por gerações, exigindo transformações profundas em nosso cotidiano e nas organizações. No entanto, a rapidez da crise em tomar conta do mundo deixou muitas pessoas atordoadas e criou sentido de urgência na potencialização da inovação e criatividade para nos adaptarmos e ajustarmos os nossos processos de trabalho.

Nós, da Associação Viva e Deixe Viver (Viva), também tivemos que nos adaptar à nova realidade. Como medida de prevenção e em nome da santa ciência, nossas atividades presenciais foram suspensas. No entanto, nosso propósito de levar a contação de histórias para crianças e jovens hospitalizados foi mantido, explorando recursos do ambiente virtual, com a participação dos nossos 1.300 voluntários.

O momento demandou transformação imediata de todos os nossos projetos.  Houve necessidade de internalizar a consciência sobre o novo normal que estamos vivenciando, pautado pelas orientações da Organização Mundial da Saúde e dos próprios hospitais parceiros. É obrigação cuidar de quem cuida, lê e brinca e, por este motivo, recomendamos que os voluntários ficassem em casa. Esse precioso conjunto tem volume significativo de pessoas pertencentes ao grupo de risco.

Como diz o ditado popular: “quem viver, verá”. Nós todos estamos vivendo uma história de mergulho no conhecimento e nos relacionamentos via meios digitais. Quando eu era criança, adorava assistir aos Flintstones, moradores da cidade pré-histórica de Bedrock. Ao mesmo tempo, sonhava em viver em Orbit City, onde morava a família Jetsons. A Viva tem colocado em prática tudo isso com muita empatia e humanização.

A leitura e o brincar nesse momento de pandemia são como antídotos para um mundo em crise, no qual é preciso salvar a sanidade mental, dando asas à imaginação e criatividade. Esses dois “dons” abrem portas para muitas outras atividades culturais, educacionais e comunicacionais, fortalecendo valores humanos através da telinha e telona.

O isolamento social tem nos proporcionado a possibilidade de reinventar comportamentos e atitudes. Não à toa, a Viva ampliou seu empenho em relação à difusão da leitura e do brincar.

Em meio à turbulência de 2020, é importante registrar o grande apreço pelo trabalho dos líderes que se mobilizam para motivar e promover a nossa causa: uma sociedade construída com base em relações humanizadas.

Por conta disso, ampliamos nossas atividades no ambiente digital que, neste período de pandemia, foram amplamente expandidas com cursos, workshops, fóruns na área da “VIVA EDUQUE”. Também tivemos trabalho intenso com o website de conteúdo “BisbilhotecaViva” – www.bisbilhotecaviva.org.br. Lá disponibilizamos livros e coleções, o jogo “Eu Conto” e fazemos doação de histórias. Além disso, na nossa biblioteca, os visitantes têm acesso ao projeto “Viva Personas”, no qual artistas, atores, escritores e esportistas doam histórias.

Fomos além e aproveitamos este período também para lançar a nova versão do livro Viva Futebol Clube – O Time das Mãos Limpas. Lançado em outubro de 2019, no Museu do Futebol dentro do Estádio do Pacaembu, a obra ressalta um tema popular como o futebol para mobilizar crianças, bem como seus familiares e a sociedade em torno da importância da higienização e do ato de lavar as mãos na prevenção de doenças causadas por fungos e bactérias.

Com a pandemia vimos a necessidade de atualizar o tema. Uma curiosidade interessante desta nova edição é que o estádio se transformou em hospital e o museu reabriu as portas da cultura e do esporte à sociedade no mesmo dia do lançamento da atualização de nosso livro, na data de 15 de outubro, Dia Mundial da Lavagem das Mãos (Global Handwashing Day).

Também estamos engajados com o objetivo de possibilitar a presença da contação de histórias no ambiente familiar. Para isso, as “Domingueiras de Histórias” que aconteciam no Parque Trianon, em São Paulo, agora acontecem virtualmente. Esse movimento impactou a nossa rede de voluntários. Antes da Covid, eles exerciam esse papel em suas respectivas praças, cada um no seu quadrado. Hoje, esse conjunto se reconhece como “nós” e pode alcançar, literalmente, qualquer ponto conectado à internet.

O período também foi importante para disseminarmos conceitos de cidadania. Um deles foi com o lançamento do projeto “Eu Conto! Educação para o Trânsito nas Escolas”. Composto por um jogo cooperativo de contar histórias e um livro para ajudar na produção de um roteiro para a concepção das histórias, o kit será distribuído para alunos e professores de escolas parceiras.

Todas essas ações nos dão a certeza de que trilhamos caminhos para a reinvenção de um mundo melhor, contribuindo para a continuidade da defesa da nossa missão baseada nas relações humanizadas.

2020 é um ano histórico e foi marcante para todos, pois ninguém passou a margem de seus impactos. Foi um período de extremo aprendizado, que abriu portas para novos horizontes. Conheça mais sobre o nosso caminho para a reinvenção e veja um pouco de nossa trajetória por meio do nosso vídeo institucional: https://www.youtube.com/watch?v=yhu7eI915Fc&feature=emb_logo.

Valdir Cimino é Empreendedor Social, Fundador Viva e Deixe Viver, Professor em Comunicação Audiovisual, Tecnologia do Ensino e Ciências da Saúde.
Foto: Jefferson Coppola

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