João Carlos da Silva

Um decano das arábias

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Lendo um valiosíssimo diário de viagens, desses escritos por quem carrega no sangue a cultura, observo que a vida nada mais é que momentos vividos.

Com 32 anos usando a toga de uma justiça profícua em corretas decisões, o autor é um decano que poderia muito bem inspirar os que causam espanto nos dias atuais. Suas viagens pelos mares da vida são narradas como uma leve pena da caneta.

Através dela, construiu uma carreira jurídica veladamente justa . Quando últimas narrativas de memórias nada condizentes com a verdade surgem, o espanto é geral. São esses “espantos” que deixam o Brasil perplexo com o que ficou para trás e o que poderá vir pela frente.

Atento aos fatos , o decano narrou suas aventuras como se estivesse estudando processos que lhe cabem. A seriedade lhe compôs desde os primeiros passos na sua cidade natal. É capaz de distinguir uma bela paisagem natural de suas diferenças históricas.

Ora, ele sabe o que propor numa folha de papel sem causar furor estomacal nos coadjuvantes. Poderia recomendar “Uma aventura nas Arábias” para leitores que apreciam cultura, viagens e similares.

É uma obra intimista produzida apenas para círculo pessoal. Pedro e Lucas não vão expandir mundo afora o conteúdo da obra. Justa homenagem para Claudionor e Lúcia.

Claudionor assina também Miguel que carrega com orgulho Abss Duarte. É um cidadão que completou 32 anos usando sua toga no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul com a sabedoria de poucos.

A descendência árabe o fez assim. Religioso com devoção, aprecia e luta pelo justo. Reconhecidamente um jurista de rara sensibilidade e inteligência acima da média, cita Manoel de Barros com a leveza de suas palavras.

Quando soletra que a mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio, voltou em suas origens. Falava que os vazios são maiores e até infinitos. Manoel, menino pantaneiro, amado como Barros , escreveu como poucos. Era um passarinho e único.

Claudionor, o decano narrado aqui, trouxe para perto a vista do infinito sem nunca perder do olhar o valor e os caminhos que a justiça precisa pregar. Assim o faz. Sai por aí de mãos dadas com Lúcia para viver a vida com a certeza de que o dever está sendo cumprido.

Do que li, recomendaria o conteúdo da biografia do Abss. Do que vi, avaliaria que venceu pelo próprio raciocínio. A obra de um jurista decano é para toda vida. Ela só expira quando Deus envelhecer.

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