Ocino Batista

Quem dera fosse um circo

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Pedindo vênia ao mestre Jorge Motta, digo que a CPI da covid não é um circo, e por uma razão simplória, o circo é um lugar de alegria, de entretenimento, de risos, palmas e regozijo. O palhaço e brincalhão, divertido, e acima de tudo, respeitoso, com seus pares e com o público, não constrange convidados e não busca, a qualquer custo arrancar gargalhadas, é  acima de tudo cortês, suas graças e brincadeiras limitam-se a alegria.

Os componentes da CPI da covid ao contrário, são desrespeitosos com as testemunhas, emitem tons ameaçadores, são agressivos com as mulheres, e intimidadores com os homens, veja-se por exemplo, a atitude deplorável do senador Aziz, que é médico, ao debochar da doutora Nise Yamaguchi, indagando se ela não tinha estudado. Fosse uma indagação desta pronunciada pelo capitão, e a mídia de sempre estamparia as páginas de capa dos jornais e blogs, assim: “Bolsonaro, sem provas, duvida da competência da Dra Nise Yamaguchi”

Aquele moço lá do Amapá, que é líder dele mesmo, partiu pra cima da depoente com a ferocidade de um pitbull, não deixando-a responder aos questionamentos, mas colocando palavras em sua boca, de acordo com suas conveniências, deplorável. Os membros da CPI agem como verdadeiros membros da Santa Inquisição, acreditando que constrangendo testemunhas e humilhando, alguns, depoentes, possam alcançar sua Excelência o presidente Jair Bolsonaro, responsabilizando-o pelas quase meio milhão de mortes pela covid.

Bem, qualquer um que tenha pelo menos dois neurônios em pleno funcionamento, sabe de antemão que a CPI não tem nada a ver com morte por covid, vacinas ou o raio que a parta, na verdade o alvo da CPI tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Como a oposição não tem bala na agulha para tentar um processo de impeachment contra o capitão, então vale-se das manobras da Comissão Parlamentar de Inquérito, para tentar desgastar a imagem do Presidente, e quem sabe conseguir derrotá-lo nas próximas eleições. Então para que fazer arrodeio, chamem logo para depor o João Dória, o Lula e o Ciro Gomes e de lambuja o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não sei se vai ter algum efeito prático, mas que vai favorecer a pauta da grande mídia, isso vai.

Aguardo, como muitos brasileiros, o depoimento dos senhores governadores, quando forem prestar contas do dinheiro recebido para atacar a pandemia. Sabe-se que dinheiro foi a única coisa que não faltou aos gestores, e quando o novelo for puxado, como já ocorreu no Amazonas, toda vez que a Polícia Federal puxar uma pena, vai vir uma avestruz.

Quando for feita a distribuição de responsabilidades, tal qual ocorreu com a grana que foi distribuída pelo governo central, e com a corresponsabilidade de combate a pandemia entre o governo federal, governadores e Prefeitos, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal, vai ficar insustentável o discurso de que a responsabilidade é unicamente do Presidente Jair Bolsonaro. Quem viver verá.

Ocino Batista é professor e advogado. Email: obsantos@globo.com.

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