Pela Cemig, por Minas

Duas grandes instituições, a Companhia Energética de Minas Gerais e o Estado de Minas Gerais, são símbolos veneráveis que se alteiam em nossa aldeia.
Em qualquer nível, em qualquer quadrante, a qualquer hora, a Cemig e o Estado são reconhecidas como entidades cívica e economicamente convoladas, consolidadas por sua história, grandiosas por seus feitos e o serão invulgares pelo seu futuro, e, por isso, são indissociáveis.
Há sussurros quanto à pretensiosa e aviltante alienação da Cemig. Aos sussurros responde um grito de alerta e inconformismo. O mineiro ainda crê que não haja cidadão consciente que aceite entregar a empresa, a verdadeira joia da coroa, a terceiros que não conheceram os dias e as mãos que a construíram. Em decênios, dia a dia, nossa Cemig foi edificada com coragem e rigor, sua pujança foi concebida e atingida por Milton Campos e Juscelino Kutitschek, varões altivos que Minas produziu e o Brasil consagrou. De uma ideia e de uma vocação natural, erigiu-se uma organização gigantesca, possante, opulenta, vigorosa. É natural que interesses outros que não os de seu dono legítimo avancem e acenem com propostas cooptativas.
A Cemig, pelo corajoso esforço do eminente brasileiro que foi Itamar Franco, não cede sua autonomia sem autorização legislativa. E a Assembleia de Minas, a cujo corpo de deputados valorosos compete aprovar ou negar a iniciativa de transferência de seu controle acionário, certamente responderá não à solicitação do Governador, que, desde a campanha, vem repetindo soluções privativistas que assustam até os liberais. Governar Minas com dificuldades de caixa não é missão para cristão novo. Para administrar um estado é preciso vencer escalas, sargentear, no mais agudo e explícito jargão. Vencer dificuldades ditas intransponíveis é o desafio do candidato, o repto que ele próprio lança contra si, porém com providências ortodoxas, austeridade e bom senso, e não adotar soluções que empobrecem nosso patrimônio para atender a uma dificuldade ou exigência fiscal ou circunstancial conhecida por todos. Isto seria (ou será) traição ao Estado e ao povo. Não foi com esta incumbência que o governador foi eleito, não foi para adotar o caminho fácil de cortar a carne do nosso Estado e do povo mineiro que o eleitor o escolheu. Vender ativos é o primeiro passo do vencido, nunca o do vencedor.
Ademais, entregar a geração e distribuição de energia de um Estado de grandes dimensões territoriais não compactua com uma estratégia ou uma política de estado, antes mesmo uma visão medíocre que os pósteros cobrarão de quem a concretizar. O início e a continuidade de nossa industrialização foram garantidos pela Cemig. O que garantirá nossos futuros empreendimentos industriais ? Uma simples e duvidosa validade de uma cláusula contratual ? Ora, mineiros, a Cemig, com uma história de conquistas difíceis estará reduzida a uma letra de obrigação incerta. É um fim melancólico para arruinar uma fonte extraordinária de recursos e um complexo industrial que tornou-se modelo de organização para o mundo.