Miguel Gustavo de Paiva Torres

O tudo, o nada e o todos

acessibilidade:

Narjila Trindade não estaria em apuros com a lei se tivesse tido a inteligência de contratar o Batman da criminalidade de terno e gravata do Brasil, o engomado advogado Zanini, imbatível pelo cansaço terminal que produz em todas as instâncias do judiciário tupiniquim no jabuticabal legal do nosso maravilhoso país tropical.

Imaginem a ideia desses interceptadores: soltar todos os prisioneiros da operação lava jato com base em princípios legais, noves fora a Lei.

Se burrice tivesse tamanho, essa estratégia do dia D da libertação geral e irrestrita dos criminosos poderosos já teria alcançado o céu.

Fazer um movimento tático com essa enormidade de alcance na semana em que vão julgar a possiblidade de libertação de Lula e os réus do famigerado PP, prêmio Nobel da política tradicional em Brasília, é um esculacho com a inteligência dos sempre manipulados cidadãos brasileiros.

Todo mundo sabe que Luiz Inácio Lula da Silva prestou sim grandes serviços ao Brasil, tem um lugar na cronologia dos avanços sociais no país, e poderia muito bem ser liberado hoje com base em parecer do Ministério Público relativo ao processo pelo qual está encarcerado e já cumpriu parte substantiva da pena.

Daí para aproveitar o protagonismo político e social de Lula para abrir as portas da cadeia para todos os que se acumpliciaram com o monumental saque do dinheiro de nós todos é de uma asnice sem tamanho.

Tudo ou nada vai ser nada para todos.

A mancomunação explícita entre interceptadores, partidos e juízes é uma emenda muito pior do que o soneto escrito por satanás no dia do juízo final.

O Zanini é um craque em dar tiros no pé. Agora resolveu imitar o Kim Jong Yun e decidiu atirar um míssil no próprio pé e, talvez, na liberdade do já idoso líder das multidões, o nosso Lula, que se preparava para ir para casa.

Miguel Gustavo de Paiva Torres é diplomata.

Reportar Erro