Flávio Bierrenbach

O Sputnik e o tempo

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Mais de sessenta anos já se passaram desde que foi lançado o Sputinik, em 4 de outubro de 1957, o primeiro satélite artificial.

Nesse imenso lapso de tempo – mais de duas gerações – o Brasil não desenvolveu aptidão, tecnologia ou capacidade para lançar sequer uma bolinha de gude ao espaço.

Sputinik, 1957: desde então, o Brasil não foi capaz de lançar sequer uma bolinha de gude ao espaço.

Dezenas de nações o fazem, seja utilizando rampas próprias ou alheias de lançamento. A França, por exemplo, explora política e comercialmente suas facilidades na Guiana Francesa, situadas perto da linha do Equador, porém não tão próximas quanto às instalações que poderíamos e deveríamos ter em Alcântara, no Maranhão, destruídas há anos por um suspeito acidente, até hoje não suficientemente esclarecido.

Faz três dias, sentado na janela e olhando uma noite surpreendentemente limpa de São Paulo, à procura da meia-lua entre os prédios, avistei um grande satélite artificial no espaço. Não sei qual. Cada vez que vejo um sou invadido pela tristeza por nosso atraso.

Hoje, consta que o primeiro item da pauta da reunião que haverá entre o presidente Michel Temer e o vice presidente Mike Pence, na próxima semana, será o aluguel da nossa base de lançamento em Alcântara para os Estados Unidos. A notícia diz que será “mantida a soberania”. A ver.

Flávio Flores da Cunha Bierrenbach é aviador, advogado e ministro aposentado do Superior Tribunal Militar. Foi vereador, deputado estadual e deputado federal por São Paulo.

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