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O consulado da Camarilha

Dante Coelho de Lima Dante Coelho de Lima
15/07/2020 às 11:48 | Atualizado às 16:42
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Eu e o Itamaraty. Onde tudo começou
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Lá como cá, os restaurantes fecham as portas para sempre. Em Lisboa encerraram suas atividades de bem servir magníficos repastos diversas boas casas do ramo que a Camarilha frequentava. Foi o que se deu com o Tascoso, no Bairro Azul, obrigatório nas sextas-feiras, quando servia um insuperável arroz de pato. Ali no Tascoso, tomávamos regularmente o vinho Frei João, da Bairrada, com seu rótulo em cortiça. Não raro, encerrávamos os trabalhos com bagaceira Cêpa Velha. Estupenda.

O Tascoso foi-nos apresentado pelo impecável e saudoso Embaixador Dário Castro Alves, o grande descobridor das melhores tascas lisboetas. Parece até que ele se formou na Escola de Sagres, aquela dos grandes descobridores portugueses de séculos atrás.

Deu-se por encerrado também o Monteverde, deliciosa tasca próxima da Embaixada, cenário de grandes comezainas da Camarilha. Depois da bagaceira e da parada na frutaria próxima, onde invariavelmente o Pedro comprava dúzias de bananas, chegávamos na Embaixada inspiradíssimos. Os melhores telegramas e outras comunicações se produziam nessas ocasiões. E nosso Chefe imediato sempre observava:

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– “Esses Conselheiros almoçam muito…”

No vilarejo de Azenhas do Mar, não muito longe do Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa, havia o Pôr do Sol, onde se comia um delicioso bacalhau com broa.

Certa vez, lá esteve a Camarilha. Comeu-se e bebeu-se fartamente. Decerto o avinhamento mais ocidental da Europa.

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João teria, em dado momento, preferido a vila de Manteigas, na Província da Beira Alta, perto da Serra da Estrela, para sede de nossa repartição consular, a primeira no território luso.

Pensamos em publicar um Manual de Instruções para orientar o funcionamento do Consulado, daqueles manuais que o estimado Renato Prado Guimarães gostava de criar.

Mas até lá já tínhamos em mente que nosso Consulado seria dedicado a amparar membros da Camarilha e os amigos desta que porventura se encontrassem em situação de desvalia. Também teria prerrogativas de expedir documentos de viagem à felicidade e ao bem-estar dos seus membros, bem como reconhecer firmas e autenticar documentos atestatórios de boa índole e do bom caráter de seus portadores. Poderia igualmente apor vistos permanentes nos passaportes de todos aqueles que fazem bem à Camarilha. A renda consular apurada seria destinada aos mais nobres fins, como pagar contas de repastos supimpas em boas tascas e restaurantes e adquirir seivas rubras alentejanas e durienses, mas não só, e embriagadores bagaços.

Raparigas formosas estariam isentas da cobrança de emolumentos e outras taxas. Bastaria um sorriso.

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Seja como for, em processo rigorosamente democrática, elegeu-se mesmo Azenhas do Mar. E entre talagadas de uma inebriante aguardente bagaceira e com a solenidade que a ocasião exigia, decretou-se a criação do Consulado-Geral em Azenhas do Mar, com jurisdição sobre toda nossa amizade.

Tomada a decisão, o passo seguinte era selecionar a casa onde instalaríamos o Consulado. Cambaleantes no delicioso torpor do bom bagaço e chupando uns Montecristo nr. 5, fomos percorrendo as ruas empedradas do povoado. E fixamos o olho numa casinha muito graciosa de dois andares com avencas na janela. Batemos à porta e veio uma rapariga de avental sujo, certamente uma ama de casa. Pedimos para falar com a patroa. Assomou à soleira uma velhota de bochechas vermelhas e um bigode ralo, mas bem cuidado. Fomos direto ao assunto, e explicamos que queríamos tomar a casa em aluguer para lá instalar o Consulado-Geral em Azenhas do Mar. A Senhora, envolta no fumo de nossos charutos e nas emanações da bagaceira, fitou-nos com um ar de incredulidade. Pediu que repetíssemos nossa arenga. O que fizemos, já acrescentando que gostaríamos de dar uma vista d’olhos no interior. Virou-se para dentro e gritou:

– Ó Manuel, anda cá que os senhores estrangeiros me falam de coisas que não estou bem a perceber.

O Manuel, um saloio de avantajada pança, evidentemente amuado por ter que interromper sua sesta ou a leitura de “A Bola”, veio ter conosco, e ao ouvir nossas pretensões torceu o nariz, franziu o cenho e disparou:

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– Ora bem, a casa não está para alugar e nem os senhores vão pôr os pés cá dentro. Deixem-nos em paz, se faz favor.

Pôs-nos para correr.

Saímos dali frustrados com o resultado dessa primeira investida imobiliária. E concluímos que seria melhor deixarmos a escolha da sede da Repartição para outra hora. E voltamos para Lisboa. No caminho passávamos em Sintra, para degustar uns dos saborosos travesseiros de ovos e amêndoas na Pastelaria Piriquita.

E falando em Sintra sempre lembro do brado do Cruges, personagem de Os Maias, que ao voltar a Lisboa, exclama desolado:

– “Esqueceram-me as queijadas!”

Seja como for, o Ato de criação de nosso Consulado aguarda publicação no Diário da Amizade.

E no Diário do Poder.

Por tal razão o imóvel do Consulado ainda está para ser escolhido até hoje. Até porque, como bem lembra o João, passado tanto tempo. O sol se pôs e o Pôr do Sol fechou as portas e ficamos na dúvida sobre se o vilarejo ainda seria digno de sediar a egrégia Repartição Consular.

Dante Coelho de Lima é diplomata.

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