José Maurício de Barcellos

O atraso e o futuro

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Falando de coisas atrasadas. Transita pelo território livre da rede mundial de computadores um vídeo que expõe o vexame a que se submeteu o senador Major Olímpio (PSL-SP) quando tentava pedir votos para seu candidato à prefeitura de São Paulo. Por conta de sua traição ao Presidente sem o qual não se elegeria para o Senado Federal, o povo gritava revoltado enxotando-o do local. Apoplético político avançava sobre a multidão esbravejando, sem nexo: “ladrão da rachadinha”; “ladrão da rachadinha”. Outras cenas semelhantes protagonizaram abjetas figuras da política, como o ex-senador Lindbergh Farias, o candidato Guilherme Boulos, a candidata Manuela D’Avila, a deputada Joice Hasselmann etc. Reparem o que essa gente tem em comum: são pessoas que, por interesse contrariados ou má formação, se contrapuseram à “Nova Ordem” e o povão os rejeita de todo coração.

Quando assisto a tudo isso; quando vejo Lula ser cuspido na rua ou com a cara suja dos ovos que lhe foram arremessados, tanto quanto vejo a Dilma e o finório FHC serem repudiados em locais públicos, aqui e no exterior, sempre imagino o quanto, então, devem os contras padecerem, quando a cada saída do Capitão do Alvorada ele é festejado, às vezes “tietado” como se fosse um astro de Hollywood ou igualmente quando viaja, a serviço, para o interior do País e invariavelmente é saudado por dezenas de milhares de brasileiros.

Não me ocorre o nome de outro presidente ou mesmo de qualquer líder popular que tenha gozado de tanto prestígio, tanto que hoje sua popularidade já ultrapassou a marca dos 52 pontos percentuais, com menos de dois anos de governo. Tudo isso são fatos públicos, não há como contestar, porém a mídia “esquerdopata”, dia sim e outro igualmente, se une ao “Moleque Maia” para sair dizendo que o “bolsonarismo” está se extinguindo ou trocando em miúdos: esperem um minutinho só, vamos voltar a roubar!

Vassalos dos Barões Marinhos, por exemplo, se aglomeram nas redações da “mídia do ódio e, valendo-se do fato de que Manuela D’Avila e Guilherme Boulos lograram ir para o segundo turno, exibem isto como um aviso sobrenatural vindo da “alfa centauro” para afirmar que voltamos aos tempos da gentalha de Lula e Dilma, neste pleito municipal de 2020. O absurdo é tamanho e o ridículo é tão grande que sinto vergonha de escrever sobre isso e mais ainda fico constrangido quando pessoas de bom nível social e econômico se convencem ou querem se agarrar a uma baboseira dessa ordem.

Como disse no meu último artigo, sob qualquer análise lúcida e honesta, os partidos de esquerda sofreram uma fragorosa e impiedosa derrota. Provei tudo com os números oficiais. Vale repetir para firmar. O PT caiu para 256 prefeituras em 2016 e em 2020 ficou com apenas 179, sem falar que não venceu em capital alguma. Para a “esquerdalha ensandecida” a grande vitória foi a do PCCSOL, o partido nanico que cresceu 100%, passando da fantástica marca de 2 para 4 prefeituras do interior. Somente não dizem que os números de prefeituras administradas pela esquerda caíram drasticamente.

Contudo, deixando de lado tanta ignomínia, o melhor mesmo é gastar tempo com coisas sérias. Aquilo que fala o Ministro da Economia do pós-catástrofe petista é música para os ouvidos dos patriotas. Colhi junto ao site do Ministério da Economia o pronunciamento de Paulo Guedes durante sua palestra de abertura do 3º Encontro O Brasil Quer Mais, promovido pela International Chamber of Commerce Brazil (ICC), na segunda-feira (23/11), transmitido pela internet. Disse o ministro: “Com juro mais baixo, com câmbio mais competitivo, simplificando os impostos e derrubando o custo da energia, nós vamos reindustrializar o Brasil”. Em seguida destacou: “Realmente, temos a visão de que o Brasil precisa ir da agricultura para a agroindústria, e vamos reindustrializar o país em cima das reformas que estamos fazendo”, se referindo às reformas de marcos regulatórios e também à tributária. “Temos um futuro extraordinário em cima de uma vantagem competitiva incontornável que é a agricultura. O Brasil é uma potência agrícola. O próximo passo é o Brasil se tornar uma potência agroindustrial. O Brasil vai efetivamente alimentar o mundo”, comentou o ministro ao considerar que as grandes populações da China e da Índia deverão comprar mais alimentos nos próximos anos. “Temos uma massa continental, só que não temos uma população de 1,3 bilhão. Então, nós podemos exportar para 1,3 bilhão de habitantes com a produtividade que nós temos”, acrescentou, ao se referir ao potencial de ampliação das exportações brasileiras para a Índia. Sabem lá o que é isto? Pergunto eu. 

Guedes explicou, ainda, que a trajetória de desenvolvimento econômico de países asiáticos – que retirou 3,7 bilhões de pessoas da miséria – ocorreu não como resultado de planejamento estatal centralizado, mas por meio da abertura comercial e da economia de mercado. Diante disso, defendeu que a abertura comercial brasileira deve ser um processo gradual e seguro, mas que é também inexorável. “Nós dedicamos esse primeiro ano e meio para atacar as grandes despesas do governo e jogamos na defesa. Nos próximos dois anos, nós vamos para o ataque. Vamos para as privatizações e para a abertura”, declarou. Deus proveja que se possa colocar no olho da rua a enorme população de sanguessugas da máquina pública ceivando, sem dó nem piedade, os feudos e os bunkers deste Estado inchado e paquidérmico! 

O ministro informou que, durante a sua gestão no Ministério da Economia, vêm sendo feitos diversos acordos comerciais que “estavam parados há décadas”. O ministro esclareceu ainda sobre a importância do atual processo que visa ao ingresso do Brasil como membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Estamos avançando em acordos mais amplos, que vão fazer muita diferença. Na hora em que o Brasil entrar na OCDE, teremos que seguir nas tarifas, nos acordos de serviços, nos acordos de bitributação. Com tudo isso, nós teremos que nos mover. É mais importante botar no trilho do que fazer um pequeno movimento que vai ficar perdido no tempo”, avaliou. Quando foi que se viu algo igual sob o comando das quadrilhas de Sarney a Temer?

Como se vê, somos ainda uma Nação de dois Brasis, um do atraso e outro do futuro diante do qual se alinham os patriotas. Fazer o quê?

Jose Mauricio de Barcellos, ex-Consultor Jurídico da CPRM-MME, é advogado. E-mail: bppconsultores@uol.com.br.

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