Lava Jato S/A

Atenas, Grécia – De tanto ouvir falar de quantias bilionários desviadas pelos políticos e empresários durante os interrogatórios da Lava Jato, os procuradores, à frente da operação que revelou o maior escândalo de corrupção da história do país, cresceram os olhos. E agora, tristemente, surge a notícia de que um grupo deles lá do Paraná vai criar um fundo para administrar R$ 2,5 bilhões, fortuna da Petrobrás que andou pelos Estados Unidos e voltou para Brasil de forma misteriosa. Incrível, a Lava Jato virou uma empresa no país das bananas.
Essa montanha de dinheiro que vai para a fundação desses procuradores é fruto de uma manobra que deixou a Petrobrás à mercê da República do Paraná na base do “dá ou desce”. Ou seja: fragilizada, a estatal aceitou um acordo com a justiça norte-americana que culminou com o desembolso de R$ 2,5 bilhões para evitar um processo na terra do Tio Sam. Mas acredite: esse dinheiro voltou, como por encanto, para uma conta do Ministério Público do Paraná para criar a tal fundação.
O ministro Marco Aurélio, do STF, foi o primeiro a espernear: “É pernicioso fazendo surgir “super órgãos”, inviabilizando o controle fiscal financeiro. É a perda de parâmetros, é o descontrole, é a bagunça administrativa. É a Babel…” Quis dizer, em outras palavras, que ninguém vai entender como será manipulado tanto dinheiro. Portanto, ele enxerga nisso uma ação indevida dos procuradores com o dinheiro que deveria voltar para os cofres da União e não ficar nas mãos de um grupelho que extrapola totalmente as suas funções.
Na verdade, o MP de Curitiba se transformou numa célula ideológica e age como se estivesse disputando espaço político com a esquerda, a quem culpa pelos desmandos do país. Afasta-se, assim, das suas funções institucionais estabelecidas pelo art. 129 da Constituição. No aparelho do MP é que foi gerado o ministro da Justiça, Sergio Moro, o mais poderoso do governo Bolsonaro. A ideologização desse grupo fica mais evidente quando se conhece os objetivos da fundação idealizada por um de seus integrantes mais notórios, o procurador Deltan Dallagnol.
- Promoção da cidadania
- Formação de lideranças
- Aperfeiçoamento das práticas políticas
- Promover a conscientização da população brasileira
O último item cheira a puro fascismo, quando tenta impor à população lição de civismo e conscientização como se o povo brasileiro vivesse na profunda ignorância política e precisasse de tutor para se conscientizar. Pelo movimento político que fazem, esses procuradores estão usando de suas prerrogativas para agir como partido político sem serem votados. E agora, com o caixa entupido de dinheiro, o céu é o limite.
A República do Paraná foi mordida pela mosca azul. E sem realizar nenhum tipo de ação que justifique abocanhar esse caixa bilionário, os procuradores veem-se, de uma hora para outra, bilionários com o dinheiro alheio, cujo destino seria o Tesouro Nacional, que poderia revertê-lo em investimentos na educação e na saúde, setores mais carentes do país.
Ora, a chiadeira com o descalabro é geral. E a pergunta que mais se faz é: como os procuradores se apossam do dinheiro de uma empresa estatal, devorada pela corrupção, para criar uma entidade de fins privados a pretexto de, por exemplo, “promover a cidadania”? Somos todos idiotas em aceitar que a Lava Jato se transforme em uma empresa privada utilizando-se de dinheiro público? Ou somos meros fantoches manipulados por um grupo de autocratas indiferentes a opinião pública?
Dizem alguns procuradores, artífices dessa indecência, que a sociedade será chamada para compor o status da entidade. Quem vai escolher esses nomes? Será por concurso público ou algum iluminado, de posse dessa fortuna, vai dar as cartas e compor a diretoria?
Não vejo, a bem da verdade, procurador administrando empresa com dinheiro público. É uma excrecência. Estão no MP para serem guardiões das leis, fiscais do poder público. Não me parece justo “esses deuses da honestidade” criarem uma empresa de capital privado para fazer trabalho com viés ideológico, tarefa que cabe aos políticos com respaldo do voto popular.