Gripezinha do setor elétrico vai virar pneumonia
Venho sugerindo por diversas vezes que há algo muito estranho no setor elétrico. Sei que o tema é recorrente, mas, não podemos deixar de “berrar” através da escrita que há um mecanismo de enriquecimento e concentração de renda, montado ao longo dos últimos anos nas entranhas do setor elétrico, que vem sugando os bolsos e cofres dos consumidores de energia e por tabela da população brasileira.
Esse mecanismo não é privilégio do Brasil. É um “modus operandi” implantado em várias nações, só que por aqui tem ares de crueldade. Foi aperfeiçoado a tal ponto, através dos contratos das privatizações e das normativas dos órgãos reguladores, que geram aumentos nas tarifas de energia muito além da inflação, e tudo dentro da “legalidade”.
O mecanismo funciona como um ciclo perverso, onde causas e efeitos se sucedem ininterruptamente, sobrando sempre o ônus ou a conta para os consumidores de energia. A velocidade desse ciclo nos últimos anos vem se intensificando o que levou as tarifas de energia brasileiras para o patamar de primeiro mundo, ou cerca de 110 euros por MWh. Acontece que não recebemos em euros, muito pelo contrário, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram nos últimos anos.
Para que o mecanismo funcione com perfeição, é necessário que pessoas com vínculos pretéritos com esses grandes grupos que dominam o setor, passem a ocupar cargos e funções de alto escalão dentro dos órgãos que fazem o aconselhamento e a gestão do setor elétrico brasileiro. E isso acontece muito sorrateiramente.
E sempre há obstáculos que devem ser removidos, como é o caso da geração solar que é acessível, de fácil implantação e que tem o custo de geração mais barato entre as demais fontes. Tanto a geração centralizada, como a geração distribuída ou sobre os telhados, foram e são duramente perseguidos pelos que compõem o mecanismo. Imaginem só, abrir as benesses do setor elétrico para todos? Sai fora…
Mas como toda gripezinha pode virar uma pneumonia, e como toda pneumonia pode provocar óbito ao hospedeiro, assim também, todo cuidado é pouco para os que alimentam o mecanismo, pois ele pode matar o crescimento da economia e o futuro do Brasil.