Ipojuca Pontes

Em torno do coronavírus

acessibilidade:

1 – “Diário do Poder”, bem informado site político editado em Brasília, noticiou que o ministro Ernesto Araújo, do MRE, estuda a possibilidade de se juntar a ministra dos Negócios Exteriores da Austrália, Marise Payne, em defesa de uma investigação independente sobre a probabilidade de o vírus chinês ter sido (ou não) desenvolvido em laboratório de manipulação biológica instalado em Wuhan, epicentro da pandemia que tomou conta do mundo. Os dois diplomatas conversaram longamente sobre o tema, a despeito da recusa veemente do Secretário-Geral do Partido Comunista e Presidente da China, Xi Jinping, em admitir tal hipótese. A consequência imediata da proposta foi a elevada taxação sobre a compra da cevada australiana, além da suspensão de importação da carne de quatro frigoríficos de Camberra, capital da Austrália, dois deles da brasileira JBS.

(O conflito entre China e Austrália é antigo. Há bom tempo, o governo australiano acusou a China de apropriar-se de ilhas em disputa no Mar do Norte para ocupá-las com contingentes militares, armas e mísseis. No litígio, o governo da Austrália pediu apoio dos Estados Unidos, ao tempo em que os chineses ironizaram a denúncia afirmando que a ocupação militar das ilhas é coisa antiga. Em 2017, atravessando crise política profunda, o parlamento da Austrália aceitou a renúncia de um senador acusado de receber suborno chinês. Em seguida, o governo  promulgou lei que impedia qualquer investimento da China nos negócios estratégicos ou em partidos políticos australianos).

 

2 – A cada 15 dias, à medida que cresce a ação devastadora do coronavírus. exterminando milhares de pessoas (mais de 320 mil até maio) enquanto a economia mundial é detonada, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, aparece acusando a China de ocultar os efeitos letais do coronavírus. Ele acentua o fato de que em dezembro passado a peste virótica já grassava em Wuhan, epicentro da pandemia, matando médicos e hospedeiros do vírus.

Nas suas falas sobre o coronavírus, Pompeo – ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) – insiste em ter acesso aos laboratórios do Instituto Nacional de Biologia instalado na capital de Hubei.

Para o secretário Pompeo, tido como um “falcão exemplar” e tido como “irresponsável” pelo governo  chinês, há mais do que evidências nas conjecturas levantadas. Uma delas pode ser o trabalho de um casal de agentes chineses infiltrado no Laboratório Nacional de Microbiologia da Unipeg, no Canadá. Em março de 2019, descobriu-se que um perigoso lote do coronavírus havia desaparecido. Com efeito, o desvio foi atribuído ao cientista Keding Cheng e sua esposa, a Dra. Xaingguo Qiu,  especialista em guerra biológica.

Uma vez na China, Qiu passou a frequentar o Laboratório Nacional de Biosegurança de Wuhan, diretamente ligado ao programa de guerra biológica da China, tais como o Instituto de Virologia de Wuhan, a Academia de Ciências Médicas Militares de Chang Chun e outras  instituições semelhantes.

No contexto, James Giordano, especialista senior em guerra biológica do Comando de Operações Especiais dos EUA, acredita que a China integrou militares e acadêmicos de biociências trabalhando para que tenham capacidade de liberar agentes biológicos ofensivos através de armas como foguetes de artilharia, bombas aéreas, pulverizadores e mísseis de curto alcance. (Ver dados no portal Greatgameindia, especializado em geopolítica e relações internacionais).

 

3 – A revista alemã “Der Spiegel” (“O Espelho”) noticiou que Xi Jinping telefonou em janeiro ao comunista etíope Tedros Abhanom solicitando que o chefe da OMS segurasse a informação de que o vírus chinês não era um agente transmissor da pandemia. Tedros contestou a informação da revista afirmando que ela era falsa, pois não costumava falar com Xi Jinping por telefone, embora, à época, a OMS garantisse que o vírus chinês nada tinha de contagioso ou letal.

É precário acreditar na palavra de Tedros. Sua biografia comporta, além de denúncia de corrupção, o fato comprovado de ter ocultado epidemias de cólera quando de sua passagem pelo ministério da Saúde da Etiópia – razão pela qual foi alvo de violentos protestos por parte da população do país.

Semana passada, porta-voz do governo chinês aventou a possibilidade de a OMS levantar uma investigação transparente nos laboratórios de biologia de Wuhan acusados de produzir o coronavírus. Mas, segundo o informe, só depois de debelada a expansão da pandemia.

 

4 – Xi Jinping assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês em 15 de novembro de 2012. Na ocasião, jurou cumprir a grande missão do partido em expandir a obra do Timoneiro Mao Tze-tung pelo mundo até 2049, ano em que a revolução popular chinesa completará 100 anos de existência. Posteriormente, reunindo países como Rússia, Coreia do Norte, Índia e Iran na Cimeira de Xangai, em 2018, Xi ressaltou seu empenho em criar um novo sistema alternativo ao modelo ocidental desestabilizado. Nas palavras dele, o destino da China será o de se transformar na principal potência militar, econômica e política do planeta.

Xi Jinping, embora acredite   piamente na força das armas, adota como estratégia para consolidar o Império da China, recuperar as novas “rotas das sedas”, o que consiste, como já disse, em financiar pelo mundo afora construção de estradas, portos, aeroportos, obras de infraestrutura, bancos, fábricas, empresas de telefonia, informática, plantações de grãos etc. – tudo para estabelecer a liderança da China na Europa, Ásia,  Estados Unidos, Oriente Médio e América do Sul.

Só no Brasil, a China detém o controle de pelo menos 8% de terras úteis para o cultivo do milho, da soja e criação de gado. Na África, onde já despejou US$ bilhões na expansão da “nova rota das sedas”, o Império Vermelho domina quase metade do continente – o que Xi, com certa dosse de eufemismo, aponta como a “solução chinesa”, o que compreende, quase sempre, a perda da soberania política dos países ocupados.

5 – Para finalizar, em meio ao terror disseminado pela pandemia, uma notícia promissora: a empresa farmacêutica Moderna, dos Estados Unidos, anuncia uma vacina que  poderá combater a infecção causada pelo coronavírus. A aplicação de  reforço da vacina excedeu os níveis de anticorpos encontrados nos pacientes que se recuperaram do vírus. E há outra vacina testada com êxito por cientistas da Universidade de Oxford, superada a fase de testes com cobaias . Mas tudo demanda algum tempo.

Enquanto espera, o presidente Donald Trump toma um comprimido diário da Cloroquina, que considera medicamento eficiente, bom e barato.

Reportar Erro