Ney Lopes

Eficácia das vacinas contra Covid

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São comuns versões e boatos sobre a possível ineficácia de certas vacinas, sobretudo a chinesa Corona Vac.

O tema deve ser tratado na ótica cientifica, sem considerar o fato da origem do imunizante.

Especialmente, em relação a Corona Vac tem que ser levado em conta que as vacinas do Ocidente têm marcas muito mais conhecidas, do que aquelas do continente asiático.

Na produção global de medicamentos, a concorrência é violentíssima e uma das armas são falsas análises para prejudicar concorrentes.

No caso da Corona Vac, recente estudo de “Efetividade da Vacinação” contra Sars-CoV-2, realizado com a população do Uruguai, publicado nesta quinta-feira, mostra que a redução de infecções é de 97%, contra 80% da americana Pfizer.

Em pessoas que receberam duas doses, a vacina reduziu a infeção pelo SARS-CoV-2 em 57% e as hospitalizações em cuidados intensivos em 95%.

A Coronavac é amplamente utilizada na China e vários países.

Os números do Uruguai são melhores do que os apresentados pelo Instituto Butantan, responsável pela produção da CoronaVac no Brasil, quando foi concluída a fase 3 dos testes.

Cabe observar que nunca existiu no mundo vacina 100% segura.

Os imunologistas e virologistas fazem questão de relembrar que a vacina não é uma panaceia e haverá sempre quem vá adoecer.

Se mais de 90% das pessoas forem vacinadas, a quantidade do agente infeccioso em circulação será reduzida, por praticamente não ter pessoas para infectar.

Sabe-se que, mesmo com as taxas de vacinação contra o sarampo atingindo 90%, os surtos voltam, porque se trata de uma doença extraordinariamente infecciosa

No caso do estudo citado no Uruguai, do número total de 712.716 pessoas totalmente imunizadas com a CoronaVac até 25 de maio, 5.360 testaram positivo para o novo coronavírus. Destas, 19 precisaram de internação em UTI e seis faleceram.

Da mesma forma, do total de 149.329 pessoas completamente imunizadas com a vacina da Pfizer até a mesma data, 691 foram infectadas, apenas uma necessitou de hospitalização na UTI e oito morreram.

A conclusão é que são raras as reações graves às vacinas.

Assim vale a máxima de que “é melhor prevenir que remediar”.

O prejuízo de não vacinar é muito maior do que vacinar.

Ao logo da história são comuns certos mitos e inverdades, até decorrentes da concorrência econômica.

Por exemplo: em relação a vacina contra sarampo propagou-se que daria causa ao autismo.

A informação foi questionada, mas o que fica no inconsciente coletivo é a dúvida.

Posteriormente, foi comprovado que o autismo não tem relação alguma com a vacina e que autor do “boato” Andrew Wakefield fraudou dados para provar sua hipótese.

Com a farsa descoberta, baniu-se o pesquisador da comunidade científica, mas a mentira continuou sendo propagada.

Pelo que se percebe, não há razões para preconceitos contra a Corona Vac.

As vacinas, desde que comprovadas cientificamente, são os únicos meios de conter e eliminar a catástrofe da pandemia, que se abate sobre a humanidade.

Não se pode negar, que mesmo com as dificuldades encontradas por todos os países do mundo, o Brasil vem se saindo bem na vacinação, desde que se reconheça que as vacinas somente começaram a serem validadas e aplicadas, a partir de janeiro-fevereiro deste ano. Antes eram hipóteses.

O trabalho silencioso do atual ministro Marcelo Queiroga merece ser reconhecido.

Ele faz o que pode e com determinação.

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino Americano (PARLATINO); e- Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; procurador federal; professor de Direito Constitucional da UFRN – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br

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