Flávio Faveco Corrêa

Alvíssaras

acessibilidade:

As notícias mais alvissareiras, é claro, referem-se ao avanço das pesquisas relacionadas às vacinas contra o novo coronavirus.  As informações sobre a Coronavac, a Oxford-AztraZeneca, a da Pfizer-BioNTech, da Moderna e a Sputnik V, entre outras, são realmente animadoras e reacendem nossa esperança de que, brevemente, consigamos vencer esta pandemia que apavora os cidadãos de todo o mundo. Afinal, estamos cansados, especialmente nós do grupo de risco, de ficar confinados para não virar finados… Cansados de sentir medo.

Mas se ter medo da Covid 19 é ser maricas, como disse o Presidente da República, eu sou maricas.  Segundo o dicionário, maricas quer dizer “individuo do sexo masculino que se comporta com modos femininos; efeminado”. Infelizmente, não me resta outra do que assumir. Mesmo que não consiga me imaginar com modos femininos. Acho que eu ficaria ridículo com minha barba branca. Entretanto, a vida apronta coisas que a nossa vã filosofia não alcança.

Maricas ou não, eu não compro  a versão de muitos “pseudo-machões” que tentam nos convencer que o Novo Coronavirus não é tão perigoso assim, já que outras doenças respiratórias e cardíacas matam mais gente do que ele. Isso é um sofisma, papo pra boi dormir. A Covid-19 esta abatendo milhares de vidas adicionais, e não substituindo os óbitos causados pelas “causa mortis” tradicionais, que continuam seguindo as suas trajetórias ceifadoras em paralelo com os estragos provocados pelo novo vírus assassino.

Portanto, maricas do Brasil: uni-vos! Especialmente agora, que o bicho esta voltando a atacar violentamente e caracterizando uma segunda onda quer pode ser pior do que a primeira. Só saiam à rua quando absolutamente necessário, e assim mesmo com todas as medidas preconizadas pelas autoridades, usando máscaras, respeitando o distanciamento social, evitando aglomerações e lavando as mãos com frequência. Nada de muvuca, baile funk, balada ou aglomeração na porta do centro esportivo do Corinthians. Pelo menos por enquanto. Futebol vamos ter que assistir sem a presença das torcidas, o que, segundo Juca Kfouri, é o mesmo que comer bala sem tirar o papel.

E façam como eu: fiquem em casa rezando para que as vacinas cheguem até nós o mais rápido possível, venham de onde vierem. Não importa que seja da China, da Europa, da Rússia, da Índia, dos Estados Unidos, da Lua ou de Platão. Importa que sejam comprovadamente eficazes e acessíveis a todos nós. O povo não está nem aí para a guerra política em torno do processo. Queremos a vacina, seja ela do Doria, do Bolsonaro, do Ratinho ou da Mãe  Joana. Ninguém quer saber se haverá algum vitorioso nesta guerra, que por enquanto só tem um perdedor: o povo.

Confesso que fiquei feliz quando vi na TV 120 mil unidades da Coronavac sendo descarregadas em Guarulhos. Senti que a vacina estava mais perto e que era algo concreto no meio do palavrório inócuo que assola o país.

Eu, que obviamente não entendo nada disso, prestei muita atenção no que o Alexandre Garcia estava dizendo outro dia na CNN, quando manifestou que, para ele, as vacinas que se baseiam em tecnologias mais antigas e conhecidas, semelhantes às vacinas que tomamos há décadas, seriam as mais confiáveis. E que ele as preferiria em comparação com as que alteram o DNA, e outras coisas modernosas e ainda mais avançadas. A Coronavac é uma delas, utiliza uma tecnologia que o Instituto Butantan domina. Achei que fazia sentido o quo o colega, amigo e conterrâneo  estava dizendo e fiquei pensando cá com os meus esperançosos botões: se um dia eu puder escolher, vou nessa. Não sem uma ponta de inveja dos norte-americanos que nem vão esperar pelo Biden e já começarão a ser imunizados com a vacina da Pfizer, que lamentavelmente não é para o nosso bico, já que tem que ser mantida a 70 graus negativos e nós não temos esse tipo de infraestrutura.

Uma pena, já que a Pfizer, criadora do Viagra, tem grande credibilidade entre os mais velhos…

Faveco Corrêa é jornalista, publicitário e consultor.

Reportar Erro