Rodrigo Mussolino

Alternativas de crédito para PMEs

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Após seis meses de pandemia, concessão de crédito no Brasil torna-se uma necessidade ainda maior. Num contexto como o atual, quanto já não há muitas garantias a ofertar, os recursos de origem tradicional nem sempre chegam àqueles que mais necessitam. Em geral, o sistema financeiro prioriza emprestar dinheiro para quem não precisa. As empresas com maiores necessidades, e tempo exíguo para receber socorro, encontram uma maratona de obstáculos na obtenção de empréstimos.

Segundo dados veiculados no mês de julho, menos de 20% das linhas de crédito disponibilizadas pelo governo federal para socorro a empresários foi utilizada. Os motivos para “sobrar” recursos para crédito são clássicos. Os momentos em que os empresários mais precisam em geral coincidem com as dificuldades dos empreendedores em atender as exigências para obter empréstimos.

Pequenos e médios empresários não conseguem, em cenários de crise, oferecer as garantias exigidas pelo sistema financeiro. Os bancos brasileiros, por sua vez, evitam riscos, mesmo os que aparentam ser de baixo impacto. As grandes corporações, ao contrário, geralmente conseguem atender as exigências e, assim, utilizam grande parte dos recursos. Mesmo com valores previstos da ordem de R$ 70 bilhões, conforme anunciou o Ministério da Economia, o crédito não alcança as pequenas e médias empresas.

Segundo dados divulgados pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o impacto econômico dos pequenos negócios é fundamental também na geração de empregos: 54% da mão de obra com carteira assinada, no Brasil, está trabalhando numa micro ou pequena empresa. Esse perfil de negócio também é responsável pela inclusão de gênero no mercado de trabalho. Cerca de 53% da mulheres do mercado formal atuam numa pequena empresa.

Assim como surgiu um modelo de mediação e arbitragem como alternativa ao Poder Judiciário como foro para resolução de conflitos, já há no Brasil oferta de crédito disponível fora do sistema financeiro tradicional. Regulados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), os fundos de crédito são uma alternativa bastante viável para o atual momento, especialmente para as micro e pequenas empresas brasileiras.

Essa alternativa, disponível há cerca de 15 anos no mercado, tem sido bastante utilizada por empresas dos segmentos da indústria, dos serviços e o setor atacadista. As garantias ofertadas por quem busca créditos são seus próprios recebíveis.

Com o crescimento das vendas on line, que já vinham ascendentes, e sua aceleração nos últimos meses decorrente do distanciamento social, fundos de crédito estão revisitando paradigmas para incluir também o setor de varejo nessa modalidade de socorro financeiro. Fundos de crédito, neste momento de crise, podem ser a alternativa para que pequenos negócios ganhem fôlego e sigam abertos nestes tempos de retomada econômica.

Rodrigo Mussolino é CEO do Grupo Moka, expert em gerenciamento de ativos e risco de crédito e investidor-anjo.

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