José Maurício de Barcellos

A esperteza

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A “Ordem Nova” que os brasileiros elegeram, em outubro de 2018, não veio para perseguir ninguém; não veio para dividir mais do que dividida estava a Nação brasileira; não veio para aumentar a fome e a desesperança às quais fomos relegados. É uma nova ordem em que se tem a probidade, a competência e o trabalho como meios e a igualdade e a justiça como consequências. Nestes tempos de agora, aquilo que nos fez muito mal, ou seja, tudo quanto impediu o “Gigante” de ser e de ter a ponto de ser igualado às sociedades mais corruptas e caóticas do mundo, melhor dizendo, tudo quanto ficou velho, sujo e carcomido o povo quis que fosse posto no lixo da história.

Foi para isso que muitos milhões de patriotas clamaram por mudanças, aqui levando em conta aqueles que não votaram em Bolsonaro, mas que, por outro lado, não mais quiseram um finório repulsivo do tipo FHC dando as cartas por debaixo dos panos; também os que não quiseram novamente um ladrão descarado e insaciável sabendo dos locais onde estão guardados os dinheiros públicos; igualmente os que não desejavam mais uma patética guerrilheira assassina urdindo e tramando nas costas do País, enfim considerando todos para quem o Brasil não podia mais esperar e outros que tais. A esta altura dos acontecimentos já concluímos a partir da atuação deste novo governo, que o País não carece para ir adiante de sabidos articuladores, de manhosos conchavadores ou de espertos politiqueiros.

O Brasil de hoje, a Pátria dos justos e dos bons, não se dói quando seu Presidente põe o dedo na cara dos poderosos e diz a eles que não terão nosso dinheiro suado que se destina, por exemplo, a dar água para quem os coronéis do nordeste sempre negaram. O Brasil da nova ordem é aquele em que, inobstante a mais sórdida campanha dos Barões das Comunicações visando a quebrar a economia e a vitimar o povo trabalhador, não se roubou e não se deixou roubar para, então, poder destinar mais de um trilhão de reais para nossa gente vencer o vírus chinês. O Brasil do qual os verdadeiros democratas não querem mais abrir mão é aquele em que seu líder e a sua equipe não se corrompem; não se vendem, não capitulam e, obstinadamente, lutam para afastar desta Terra de Santa Cruz o social-comunismo mortal, agnóstico, incompetente e cruel.

A luta para manter o que conseguimos a duras penas, depois de décadas de destruição dos nossos princípios e valores cívicos, morais e religiosos está travada, segue intensa, encarniçada e doída, mas vale a pena.

É isto que pensam e sentem aqueles que estão encastelados nas casamatas e nas trincheiras de onde combatem com o Capitão e sua equipe; também o povão que, de sua parte, nas ruas e nas praças do País, ou pelas redes sociais, deixa claro toda sua repugnância e revolta contra o lado negro do STF e do Congresso Nacional, tanto quanto o fazem os bons jornalistas e os conscientes formadores de opinião em seus perseguidos e censurados bunkers e outros que combatem sem cessar pelo País, através de honradas e independentes tribunas como esta em que me manifesto religiosamente.

A propósito do que falo aqui, vi e ouvi, nesta semana, pela rede mundial de computadores o intrépido e desassombrado Senador da República, Jorge Kajuru (Cidadania-GO), denunciar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de venda de sentenças judiciais que beneficiam agentes políticos.

O político goiano se referia à soltura, no sábado (8.08), do Secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, preso na Operação Dardanários da Polícia Federal, na última quinta-feira (6.08), acusado que foi por receber propinas de uma empresa da área de saúde para favorecê-la em contratos com o poder público. Após a decisão, Karuju veio à público revelar que a soltura do secretário se deu através de uma articulação entre o governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), e o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo.

Segundo o senador, Gilmar teria recebido ligações com pedidos para que Baldy fosse solto. A ligação teria partido de Marconi Perillo, que é assessor especial de Doria. Ouvi, também, o senador dizer que: “Ele (Doria) o colocou como consultor da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), presidida por Benjamin Steinbruch, ligado também ao esquema, tanto que contratou um ex-governador de Goiás que depois da eleição foi parar na cadeia, preso pela Polícia Federal. A CSN contratou este cidadão que tem várias denúncias contra ele. O Marconi Perillo foi o primeiro a falar com Gilmar Mendes, complementando que Perillo é amigo de Gilmar “desde o tempo que ele era governador de Goiás e que usava o dinheiro público do Estado para patrocinar eventos de Gilmar Mendes em Portugual”.

Escutei estarrecido o senador falar que Marconi Perillo e João Doria conseguiram com Gilmar Mendes a soltura deste ladrão da cadeia, extraordinariamente às 2h45 da madrugada do sábado seguinte à prisão (08.08), inobstante estar acusado dos crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro, de peculato e de organização criminosa” e ainda revelar, na mesma live, que a empresa jurídica de Gilmar, em Portugal, à  época do governo Temer recebeu a quantia de “R$ 3 milhões da Funai, que custeou um congresso caça-níqueis de Gilmar Mendes, demonstrando assim a ligação dele com o tal governo”. E complementou: “A ligação de Marconi com Gilmar Mendes vem de grana, de dinheiro”.

Por fim também ouvi o senador Kajuru dizer que a ligação entre Baldy e Perillo estaria relacionada à implementação de cassinos em Goiás. Segundo ele, há um contrato de compra de uma área de um milhão e quarenta e cinco mil metros quadrados em Pirenópolis (GO) para a construção de um cassino cujos sócios são o sogro de Alexandre Baldy, Marcelo Limírio Gonçalves, junto com Marconi Perillo, que colocou o nome da esposa, Valéria Perillo, na sociedade, de tudo dizendo que tinha provas cabais. Eu penso que esse Gilmar Mendes há muito deveria estar preso e condenado, como preso está o ex Presidente da Câmara Alta Eduardo Cunha, um ladrão de menor expressão e com menor índice de periculosidade que o abominável Mandarim.

São procedimentos como aqueles que lavam nossa alma. Todavia me senti pessoalmente ultrajado e abandonado em campo aberto da batalha por conta do Presidente Bolsonaro ter convidado Temer para liderar missão humanitária do Brasil no Líbano. Isto, como dizem aí os modernosos, é uma decisão que representa “um ponto fora da curva” ou que não condiz com o que os patriotas esperam de seu líder, mormente considerando a vida pregressa deste abominável cacique político e as acusações que reponde por crimes de corrupção. Não gosto de criticar o Capitão porque sei o quanto ele e sua família padecem nas mãos da vermelhada delinquente, mas quero estar em paz com minha consciência. Pouco se me dá a justificativa ou a estratégia, necessárias ou não, relacionadas a qualquer articulação política, ou igualmente à origem libanesa do ex Presidente, como explicou, meio sem jeito, o Palácio do Planalto. Com certeza os estrategistas e o próprio Presidente claudicaram ao não levar em conta o que um dia aconselhou o velho político mineiro, Tancredo Neves, “a esperteza, quando é muita, come o dono” ou a conhecida lição de um antigo pensador: “A maneira mais segura de se ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros”.

Os contras estão eufóricos em razão desta estranha decisão do Capitão e os mal-intencionados já estão apregoando aos quatro cantos do mundo que a hora dos conchavos já chegou, bem como, também, estão dizendo os covardes “isentões” de sempre que se trata de uma tacada de mestre, argumentando que depois de uma abertura desta ordem para o inconfiável MDB, os políticos do partido estão subjugados às articulações que possam favorecer pautas do governo federal no futuro, principalmente às portas da eleição para presidência da Câmara dos Deputados, uma vez que Baleia Rossi, presidente do MDB, é um dos nomes mais fortes para assumir o comando da casa.

A meu sentir, nada justifica esta inaceitável nomeação. Não há articulação de governo que justifique aquela estranha aproximação do “Corrupto dos Porões do Jaburu” com o Planalto e, por mais interesse republicano que possa existir por de trás de tudo isso, estou convicto que de outra forma e com gente honrada os objetivos finais, quaisquer que sejam, poderiam ser alcançados, ainda mais se levarmos em consideração a consabida experiência política do Presidente.

Sendo desta maneira, esta semana o Brasil foi muito mais Kajuru do que Bolsonaro. O senador por Goiás ao invés de ser esperto foi leal ao povo que lhe elegeu e, pela milésima vez, deixou nua a figura do patife e desavergonhado “Mandarim Vendedor de Sentenças”, Gilmar-Jacob-Barata-Mendes – o mais odiado Ministro do STF – enquanto que Bolsonaro, cuja “ladinagem” não faz parte de seu caráter ou de sua personalidade, sem quê nem para quê, mandou que o Brasil fosse representado perante uma nação amiga por um dos maiores e mais descarados corruptos dos últimos tempos. Lamento muito Capitão, mas o Brasil não pode mais ser desmoralizado no exterior como vinha ocorrendo durante os últimos governos civis. Por razão alguma se faz negócio com bandido e muito menos em nome da Nação Verde e Amarela, submetendo-a lá fora a um vexame desta ordem.

Jose Mauricio de Barcellos ex Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado. E-mail: bppconsultores@uol.com.br.

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