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A carta de Raphaelo

Cláudio Humberto Cláudio Humberto
20/11/2018 às 11:47 | Atualizado às 19:12
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Depois que minha mãe faleceu em 2014, recolhi entre os pertences da casa então vazia uma caixa com fotos e papeis velhos, há muito guardada para que fosse entregue a mim. Durante anos a caixa se perdera na desordem de quartos e gavetas sucessivamente arrumados e desarrumados nas muitas mudanças que meus pais fizeram.
Há pouco tempo, vasculhando coisas velhas, topei com a caixa. E lá dentro, uma carta, amarelada pelo tempo, dirigida a mim por Raphaelo Valentini. Datada de 22 de outubro de 1959. Emocionou-me. Trouxe-me à lembrança aquele irmão mais velho que nunca tive. Foi decerto figura permanentemente presente na minha infância e adolescência e parte da vida adulta, quando mudei-me para Brasília, já como Oficial de Chancelaria e mais tarde como diplomata.
Raphaelo Valentini foi para o garimpo de Pium, onde nasci. Era um faiscador, comprava pedras de cristais no garimpo e as revendiam, a preço muito mais alto nos grandes centros como Anápolis, São Paulo e Rio de Janeiro, onde Raphaelo Valentini tinha escritório.

No garimpo, conheceu o rude garimpeiro Newton Coelho Lima, meu pai, de quem tornou-se o melhor amigo. Lembro que, a partir daí, em toda casa em que moramos – e foram muitas – onde os cômodos eram poucos e pequenos, havia sempre o sagrado “quarto do Raphaelo”. Estivesse ele morando ou não conosco. Mesmo quando, em certa época, o apartamento mais amplo do Edifício Malheiros começou a ser ocupado por parentes chegados do Tocantins, havia sempre aquele espaço exclusivo. Território mágico, lá eram guardados suas roupas e objetos. E seu livros. Tudo me despertava incontrolável curiosidade. Não poucas vezes minha me pilhou em flagrante, remexendo, sorrateiro e trêmulo de excitação, em cantos e desvãos daquele misterioso quadrante.
Raphaelo Valentini era escritor bissexto e jornalista. A carta que me escreveu, batida à máquina, foi um presente que me deu. Mas decerto não o primeiro regalo desse filho de italianos. Seu primeiro presente foi o meu próprio nome. Quando minha mãe estava pra parir, Raphaelo fez meu pai prometer-lhe que, se nascesse um homem, este teria o nome de Dante. Nome esquisito, pensou meu pai, presente de grego. Mas a amizade falou mais alto. Ganhei o nome do grande poeta e, mais adiante, um exemplar de sua grande obra, a Divina Comédia. Lembro de, menino, folhear nervosamente o livro e me assombrar com as ilustrações do Inferno. Nos anos seguinte, quando tinha tempo, abria um livro e lia algum trecho para mim. Estranhas palavras, que nunca tinha ouvido. Um mundo encantado. Quando pude eu mesmo ler, Raphaelo trazia livros do Rio para mim. Monteiro Lobato. Depois meu pai comprou uma coleção, obras completas.
Na foto que ilustra estas linhas, na porta da casinha onde nasci, Raphaelo Valentini aparece de branco, alto, de mãos no bolso, ao lado de um moleque que me tem nos braços.
Como jornalista, Raphaelo, colaborou com Trajano Coelho Neto na fundação do jornal Ecos do Tocantins, bandeira e porta-voz da causa da secessão da parte norte do Estado de Goiás. Fui praticamente alfabetizado em casa, lendo o Ecos do Tocantins.
Raphaelo gostava de futebol e era torcedor do Vasco, time que conhecera nos tempos do “Expresso da Vitória”. Achei até sua carteira de sócio. Ensinou-me o caminho do Maracanã.
Com minhas prolongadas ausências do Rio que o ofício de diplomata me impôs, Raphaelo Valentini foi desaparecendo de minha vida. Até sumir de vez. Tardiamente achada e lida, a carta dele ficou sem resposta. Um dia vou juntar-me a ele lá nos jardins do Senhor e retomaremos a conversa.

Dante Coelho de Lima é diplomata.

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