90 anos de braços abertos sobre a Guanabara
Uma beleza.
Lembro que um dia, eu, menino magricela e tímido, há pouco chegado no Rio vindo do garimpo de Pium, no agreste goiano, atordoado com com tanta beleza, os sons, as cores e os cheiros da grande cidade. Tudo novo para mim. E aquela imagem de Cristo quase tocando o céu, e que me impressionava tanto.
Meu pai me apontou o Cristo Redentor e disse:
– “Um dia vou te levar lá em cima”.
Eu até ri, pensando comigo como era possível chegar lá cima.
Mas, aconteceu. Papai juntou a família e agregados e subimos.
Ele se ajeitou no terno novo da Ducal e nos sapatos novos da Clark, que lhe magoavam artelhos e falanges dos pés nodosos de garimpeiro. Mamãe, vaidosa, também jogou sobre si um “pano lega”. Afinal, era uma ocasião especial.
E embarcamos naquele trenzinho fantástico. Tive medo na subida.
Lá chegando, tive vertigens olhando de cima tanta beleza lá em baixo, para todo os lados que eu lançava o olhar extasiado de menino.
E então passei a entender o sentido do nome Cidade Maravilhosa.
Dante Coelho de Lima é diplomata.