Semana da mulher

Mesmo com maior nível de escolaridade, mulher ganha menos que homem

Diferença de salários é de 15%; só no DF elas ganham mais que eles

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Real. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A luta das mulheres por igualdade é longa. Entre os movimentos femininos que marcaram a história e mudaram os padrões sociais estão as reivindicações por direitos democráticos. O fim do século XIX foi marcado por pautas como o direito ao voto, divórcio, educação e trabalho. No fim da década de 1960, a luta era pela liberação sexual. No fim dos anos 70, o tema era o caráter sindical. Muitos foram os protestos – uns ouvidos, outros não.

Neste Dia Internacional da Mulher, apesar de a realidade ainda ser de violência e desigualdade, a brasileira vê, aos poucos, as mudanças. De acordo com os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), a diferença salarial entre homens e mulheres diminui. Em 2007, a desigualdade era de 17%: enquanto os homens recebiam uma média de R$ 1.458,51, o salário das mulheres girava em todo dos R$ 1.207,36. Já em 2016, a diferença passou para 15%, com a média salarial masculina de R$ 3.063,33 e a feminina, R$ 2.585,44.

Apesar de a diferença ainda existir e incomodar, o cenário tende a mudar. Para o ministro do Trabalho substituto, Helton Yomura, a tendência é de redução da desigualdade no mercado de trabalho. “Apesar de ainda existir diferença na participação e na remuneração entre homens e mulheres, as mulheres vêm conquistando um espaço cada vez maior na economia formal do país”.

O Distrito Federal lidera o ranking de remuneração para as mulheres. Em média, elas recebem R$ 5.261,80; já eles, R$ 2.196,10. A segunda maior média salarial para mulheres é no estado de São Paulo, onde elas recebem de R$ 2.781,14, comparado aos R$ 3.466,94 recebidos em média pelos homens. O Rio de Janeiro vem em seguida. As mulheres ganham em média R$ 2.903,48; os homens, R$ 3.572,25.

Alguns pontos, no entanto, evidenciam que ainda há muito para se conquistar. Só na capital do país as mulheres ganham mais que os homens. Enquanto a disparidade salarial chega a R$ 685,80 em São Paulo.

Além da discriminação por sexo, outros fatores devem ser considerados na hora de analisar o porquê da diferença entre salários. Nível de escolaridade, profissões escolhidas pelas mulheres, experiência profissional ou horas trabalhadas são fatores que também influenciam no resultado.

Por cargo, elas perdem

Quando o assunto é cargo, as mulheres ficam para trás em todas as categorias avaliadas por uma pesquisa salarial da Cathos, divulgada no ano passado. Foram sete posições: de analista a estagiário. A maior disparidade está no cargo de coordenador e gerente. Os homens ganham R$ 12 mil, enquanto as mulheres recebem apenas R$ 8,1 mil. A diferença beira os R$ 4 mil.

Consultores chegam a receber 62,5% a mais que consultoras, enquanto especialistas homens têm salários 51,4% mais altos que especialistas mulheres. O quadro de diferenças segue: supervisor e encarregado (28,1%), analista (20,4%), trainee e estagiário (16,4%), assistente e auxiliar (9%) e especialista técnico (47,3%).

Nível de escolaridade

Vista a diferença entre a remuneração de homens e mulheres, um dado surpreende: são elas que possuem a maior taxa de conclusão de ensino superior no país desde 1995. Neste ano, cerca de 6% das brasileiras formaram na educação superior; já os homens eram 5%. Em dados mais recentes, de 2015, a porcentagem era de 20,7 para mulheres e de 14,9% para homens. Mesmo mais capacitadas em relação aos estudos, elas continuam recebendo menos que os homens.

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