Insider trading

Wesley Batista é denunciado pelo MPF por uso de informação privilegiada

Contratos de dólar firmados antes da divulgação da delação teriam rendido R$ 70 milhões ao empresário

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Wesley Batista, um dos donos da JBS. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O empresário Wesley Batista, do grupo J&F, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por crime de insider trading, ou seja, uso de informações privilegiadas para obter ganhos no mercado financeiro.

De acordo com a denúncia, em maio de 2017, Wesley realizou operações cambiais nas companhias Seara Alimentos e da Eldorado Celulose no período em que o acordo de delação premiada firmada por ele e pelo irmão Joesley Batista ainda se encontrava sob sigilo.

Enquanto a Eldorado Celulose adquiriu contratos no total de US$ 280 milhões. Já a Seara Alimentos efetuou a compra de 25 milhões em dólares; segundo o MPF, essa quantia é 50 vezes maior que à média de operações que a empresa realizava desde o segundo semestre de 2016. As datas desses contratos coincidem com o firmamento do acordo de delação.

Com a divulgação do acordo, o dólar teve alta expressivo de 9%, rendendo ao empresário R$ 70 milhões a partir dos contratos da moeda norte-americana negociados dias antes. A cotação na ocasião registrou a maior alta registrada em 14 anos. As transações foram constatadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Mensagens de texto entre Wesley e os funcionários das empresas comprovam que o empresário foi o mandante das operações.

“Sabedor dos impactos que tais informações causariam na economia do país – quais sejam: uma inevitável alta do dólar –, Wesley resolveu se beneficiar financeiramente da instabilidade econômica que seria ocasionada com a divulgação dos termos da colaboração premiada e das provas apresentadas”, destacou a procuradora da República Thaméa Danelon.

Mais uma denúncia

O empresário e o irmão Joesley Batista já respondem por insider trading em outra ação, de 2017, referente a ganhos ilegais obtidos com a venda e recompra de ações da JBS e outros contratos de dólares firmados na mesma época da denúncia divulgada nesta terça (7).

De acordo com a denúncia de 2017, os irmãos Batista minimizaram prejuízos em R$ 138 milhões que teriam após a divulgação do acordo de delação. Já com a negociação de contratos de dólar, os empresários teriam lucrado cerca de R$ 100 milhões por causa das informações privilegiadas.

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