Farpas no Supremo

Toffoli pede que Barroso respeite colegas, e ministro reage criticando ‘deselegância’

Atrito ocorreu após Barroso divergir de Moraes e criticar crença de que 'dinheiro público é de ninguém'

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A sessão desta quarta-feira (16) do Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcada por uma discussão envolvendo os ministros Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli. O embate resultou em um pedido do presidente do STF para que Barroso respeitasse os colegas do Supremo. E na reação de Barroso reclamando da postura de Toffoli: “Vossa Excelência está sendo deselegante”.

A origem do atrito foi a divergência entre Barroso e Alexandre de Moraes sobre qual deveria ser o papel do STF em ações contra partidos com problemas na prestação das contas, durante a análise de uma ação em que o PSB questiona uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para suspender o registro partidário automaticamente, diante da ausência de exposição das contas.

E teve a intervenção do presidente Toffoli, quando Barroso declarou que a “crença de que dinheiro público é dinheiro de ninguém é o que atrasa o país”, ao ouvir Moraes concluir que caberia ao Congresso Nacional definir novas leis com eventuais novas punições para evitar o problema.

Depois da discussão, um pedido de vista de Barroso suspendeu o julgamento.

Veja como foi:

Alexandre de Moraes: Lamentavelmente, vários partidos políticos que não prestam contas são intimados, ignoram totalmente a prestação de contas.

Luís Roberto Barroso: E vai ficar por isso mesmo?

Moraes: A prestação de contas fica afastada. ‘Vai ficar por isso mesmo?’ Vai ficar pelo que a lei estabelece. Nós ainda não somos o Congresso Nacional, ministro Luís Roberto. E não seremos.

Barroso: Mas a Constituição impõe de o sujeito prestar contas. O sujeito não presta e não acontece nada?

Moraes: Assim como o STF não será o Congresso Nacional. Há uma música antiga, ‘Cada um no seu quadrado’. E a Constituição prevê o quadrado do Congresso Nacional.

Barroso: Alexandre, essa crença de que dinheiro público é dinheiro de ninguém é que atrasa o país.

Moraes: Essa crença de que o Supremo Tribunal Federal pode fazer o que bem entende desrespeitando a legislação também atrasa o país.

Barroso: Mas a Constituição diz expressamente que há o dever de prestar contas.

Dias Toffoli: Ninguém aqui neste tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, acredita nisso.

Barroso: Estou na minha posição. Eu acho que o dinheiro público tem que ter contas prestadas.

Toffoli: Mas isso é o que todos nós pensamos. Vossa Excelência respeite os colegas.

Barroso: Eu sempre respeito os colegas. Eu estou emitindo minha opinião. Vossa Excelência está sendo deselegante com um colega que é respeitoso com todo mundo. Eu disse apenas que a Constituição impõe o dever de prestação de contas. (Com informações do G1)

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