Investigação

PF abre inquérito sobre pagamentos de R$ 9 milhões da JBS a Wassef

Frederick Wassef atuou na defesa da família do presidente Jair Bolsonaro até junho deste ano

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O advogado Frederick Wassef, que já representou a família Bolsonaro. Foto: Reprodução/TV Globo

A  Polícia Federal (PF) inquérito para apurar movimentações financeiras suspeitas de Frederick Wassef, ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro e do presidente Jair Bolsonaro.

A investigação tem por base um documento Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de julho de 2020, que aponta um pagamento no valor de R$ 9 milhões feito para Wassef pela JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, já conhecidos da Operação Lava Jato.

O relatório, revelado inicialmente pela revista Crusoé, é composto de dados bancários envolvendo Wassef, seu escritório de advocacia e uma empresa em que ele é vinculado. O Coaf considera as operações suspeitas.

O inquérito foi instaurado pela PF após o Ministério Público enviar a documentação.

O relatório foi produzido um mês após Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, ser preso em um imóvel de Wassef, em Atibaia (SP), junho deste ano – o que motivou o afastamento do advogado da defesa da família do presidente Bolsonaro.

Wassef virou réu sob acusação de peculato e lavagem de dinheiro em setembro, suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro nas seções fluminense do Sesc, Senac e Fecomércio.

De acordo com a Crusoé, Wassef esteve ao lado do procurador-geral da República, Augusto Aras, e do presidente Jair Bolsonaro em uma operação de bastidores em favor da JBS. E, como contrapartida, a empresa teria viabilizado o pagamento de R$ 9 milhões a Wassef.

Segundo a reportagem, Bolsonaro teria solicitado a Aras que recebesse Wassef na sede da PGR, em 2019, para discutir a anulação do acordo de delação premiada de executivos da JBS nas investigações da Lava Jato.

A delação foi assinada em 2017. O acordo foi reavaliado depois que as gravações indicaram que o ex-procurador Marcelo Miller teria aconselhado Joesley Batista no acordo com a Procuradoria.

De acordo com a revista, Bolsonaro também telefonou diretamente para o subprocurador Adonis Callou, então coordenador da força-tarefa que receberia Frederick Wassef. Na ligação, o presidente não teria entrado em detalhes sobre o assunto a ser discutido.

O encontro ocorreu no gabinete de Callou, na sede da PGR, em Brasília. De acordo com a Crusoé, Wassef afirmou que gostaria de invalidar a possível anulação do acordo de delação premiada com executivos da empresa, que, em suas palavras, havia sido 1 dos mais eficazes de toda a Lava Jato até aquele momento.

A conversa foi encerrada quando os procuradores indagaram se Wassef tinha procuração pública –documento pelo qual uma pessoa concede autorização a outra para representá-la legalmente– para tratar dos interesses em benefício da JBS. O advogado disse que não tinha o documento naquele momento, mas que poderia apresentá-lo depois. Assim, os procuradores encerraram a reunião.

No cargo desde outubro de 2019, Adonis Callou deixou o comando do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR em janeiro deste ano.

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