Juíza que condenou Lula assume comando da Lava Jato em Curitiba

Gabriela Hardt atuou como substituta do ex-juiz Sérgio Moro e condenou o petista 12 anos e 11 meses de prisão

Após o afastamento do juiz Eduardo Appio, a juíza federal Gabriela Hardt assumiu o cargo de magistrada titular na 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), onde os processos da Operação Lava Jato tramitam. Hardt foi quem condenou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso envolvendo empreiteiras e o sítio em Atibaia (SP) que era utilizado pelo petista.

O caso aconteceu no auge da operação, em 2019. A juíza atuou como substituta do ex-juiz Sérgio Moro na condução da investigação, depois que ele pediu exoneração e foi nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública. A condenação foi de 12 anos e 11 meses de prisão ao petista. O ato chegou a ser mantido em outras instâncias, mas foi anulado quando chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Recentemente, Hardt foi responsável também por autorizar a operação que prendeu nove membros de uma organização criminosa que teria planejado um atentado contra Moro e familiares. Na oportunidade, Gabriela conduzia os casos da 9ª Vara Federal de Curitiba durante as férias da titular, Sandra Regina Soares.

Em sua primeira decisão na Lava Jato, nesta terça-feira, 23, a magistrada determinou a inclusão do Ministério Público Federal (MPF) na petição na qual Appio determinou a retomada da investigação sobre o suposto uso de escutas ilegais na cela onde o doleiro Alberto Youssef ficou preso no início das investigações da Lava Jato.

Eduardo Appio, desafeto de Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, foi afastado preventivamente na noite desta segunda-feira, 22, do comando da 13ª Vara Federal no Paraná, suspeito de ter efetuado chamada telefônica anônima, com suposta ameaça, ao advogado João Malucelli, filho do desembargador Marcelo Malucelli, que reviu decisão de Appio sobre revogação da prisão do doleiro Rodrigo Tacla Duran.

Ao assumir o camando da Lava Jato, o magistrado apresentou o rótulo de “garantista” (termo que se sobressaiu justamente em meio à Lava Jato; indica um perfil jurídico que prioriza a garantia de prerrogativas individuais), e se tornou um crítico declarado de métodos da operação.

Desde que assumiu seu cargo, Appio vem sendo alvo de diferentes polêmicas. Seu nome apareceu na lista de pessoas que doaram dinheiro para Lula na última campanha eleitoral. A doação foi no valor de R$ 13, mas Appio nega que tenha feito essa doação.

Também foi revelado que Appio usava no sistema da Justiça uma senha LUL22. Em entrevista à Globonews, Appio disse que a senha era um protesto silencioso contra a prisão do ex-presidente, mas que isso não afetava sua imparcialidade como juiz.