Primeira denúncia

João de Deus é denunciado por estupro de vulnerável e violação sexual

Acusação do Ministério Público de Goiás contra médium contém depoimento de 19 mulheres

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O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) protocolou, nesta sexta-feira, 28, a primeira denúncia contra o médiumJoão de Deusviolação sexual mediante fraude e dois por estupro de vulnerável. Ele está preso há 12 dias no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital e nega as acusações de abusos sexuais durante tratamentos espirituais em Abadiânia.

O documento contém o relato de 19 mulheres que dizem terem sido abusadas pelo médium. Destas, 12 procuraram o Ministério Público e sete, a Polícia Civil. Alguns são de outros estados, mas não foi divulgado de quais.

Desses, quatro casos viraram denúncias, todos entre abril e outubro de 2018. Os ataques teriam ocorrido dentro e fora do centro de atendimento que ele mantém em Abadiânia.

Outros dez casos prescreveram. Eles aconteceram nos anos de 1975, 1987, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 (2 casos), 2015 e 2018. Os demais cinco casos ainda precisam de mais diligências e investigações para serem concluídos.

Um funcionário do Fórum de Abadiânia foi até o Ministério Público para buscar a denúncia, que foi protocolado na comarca por volta de 15h40. O advogado Alberto Toron, que defende o médium, disse que ainda não foi informado da denúncia.

Pelo menos 260 mulheres também relataram por e-mail aos promotores ataques sexuais que teriam sido cometidos por João de Deus. A primeira denúncia se limita a alguns casos cujas investigações foram concluídas esta semana.

De acordo com a promotora Gabriela Clementino, há provas suficientes para embasar a denúncia. “Muitas delas conseguiram provar que estiveram lá na Casa [Dom Inácio de Loyola], há atestados psicológicos. Há uma infinidade de elementos que mostram que a negativa do investigado não é verossímil”, afirmou.

“É emocionante ouvir os relatos, a quebra do silêncio. Cada vez que elas falam, tiram um peso das costas. Nosso trabalho é técnico, mas é impossível dissociar [a emoção do trabalho]”, completou.

O caso tramita em segredo de Justiça.

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou ontem o bloqueio de R$ 50 milhões do guru espiritual. O dinheiro do bloqueio será usado para indenização das vítimas, caso João de Deus seja condenado pelos crimes.

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