Lava Jato

Gleisi recebeu R$ 885 mil em propina repassada em 5 parcelas, afirma PF

Gleisi recebeu R$ 885 mil em propina em 5 parcelas, afirma a PF

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Gleisi já não é convidada para as decisões mais banais de governo. Sobra para ela a presença institucional em factoides no Planalto. Foto: Agência Senado

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, recebeu R$ 885 mil de um esquema de corrupção alvo da Lava Jato. É o que afirma a Polícia Federal (PF) em relatório de inquérito que investiga a petista. O dinheiro, repassado em cinco pagamentos, teria origem em um esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

Gleisi é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Quatro dos pagamentos realizados à senadora, de acordo com o relatório, teriam sido feitos pela empresa Consist, a mesma investigada na Operação Custo Brasil, que tem como principal alvo o ex-ministro do Planejamento e marido da petista, Paulo Bernardo. Outro pagamento, de R$ 300 mil, teria partido da TAM Linhas Aéreas.

Ainda de acordo com as investigações da PF, os pagamentos à senadora foram feitos por meio do escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que atuava para o casal.

Operação Custo Brasil, desdobramento da Lava Jato, chegou a prender preventivamente Paulo Bernardo, que ficou preso, em junho de 2016, por seis dias.

O alvo da investigação é a assinatura de um contrato entre o Ministério do Planejamento, o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). O objeto do contrato era a gestão de empréstimos bancários consignados para evitar que trabalhadores excedessem a cota permitida por lei. Após a assinatura do contrato, as entidades contrataram a Consist Software Ltda.

O esquema criminoso envolvendo a Consist, segundo a PF, teria desviado cerca de R$ 100 milhões de contrato assinado quando Paulo Bernardo era ministro do Planejamento. Ele ocupou o cargo entre 2005 e 2011.

Durante a investigação, a PF concluiu que há indícios de que Gleisi, Paulo Bernardo e pessoas ligadas ao casal receberam aproximadamente R$ 7 milhões originários do “fundo Consist” e pagos pelo escritório de Gonçalves. O delegado Ricardo Hiroshi Ishida aponta que os valores eram, na verdade, produto de corrupção

Já o pagamento feito pela TAM foi encontrado em uma planilha identificada como “eleitoral Gleisi” durante a Custo Brasil, no escritório de Guilherme Gonçalves. Ele afirmou, em depoimento, que seu escritório não prestou serviços à empresa e que o pagamento era correspondente a “honorários de campanha” de Gleisi em 2010, quando ela foi eleita senadora.

Gleisi nega

Em nota nesta quinta-feira, 17, a presidente nacional do PT questionou o vazamento do relatório do inquérito da Polícia Federal. “Como é que um processo que corre em segredo de Justiça tem um suposto relatório vazado para a imprensa, sem que isso seja do meu conhecimento ou da minha defesa? Com que objetivo?”, perguntou.

Gleisi afirmou que nunca teve contas pagas por terceiros nem recebeu dinheiro ilegal para si ou campanhas eleitorais. Na avaliação da petista, a investigação se arrasta há dois anos e seis meses e “não concluiu nada, a julgar pelas insinuações levianas, que remetem a terceiros, ao invés de sustentar acusações concretas”.

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