Ministro espera apuração

Gilmar compara a ‘tortura’ audiência em que vítima de estupro é isultada e humilhada

Promotor ainda criou a figura de "estupro culposo", como se não houvesse a intenção de estuprar

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A modelo e influencer Mari Ferrer: vítima de estupro, foi insultada pelo advogado do acusado, diante da omissão das autoridades presentes à audiência.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou “estarrecedoras” as imagens de uma audiência judicial em que a modelo Mariana Ferrer, vítima de estupro, é humilhada pelo advogado diante da passividade do juiz, da omissão do ministério público e do choro da vítima. O ministro comparou a audiência judicial a “tortura”.

A cena ocorreu em Florianópolis, diante do juiz Rudson Marcos, titular da 3ª Vara, que absolveu o acusado, atendendo à argumentação do promotor Thiago Carriço de Oliveira. Eles são acusados de omissão, nas fedes sociais.

O promotor, inclusive, classificou o crime como “estupro culposo”, sem precedentes do direito penal brasileiro. É como se o acusado, empresário André de Camargo Aranha, tenha cometido o crime “sem intenção de estuprar”. Essa interpretação enfureceu os internautas, em milhares de posts de protesto.

A influencer afirmou que foi drogada e que sofreu um lapso de memória.

Durante a audiência, que o ministro do STF interpretou como sessão de tortura, o advogado do acusado, Cláudio Gastão da Rosa Filho, mostra fotos sensuais da modelo, em seu trabalho, descrevendo-as como “chupando o dedinho” e em “posições ginecológicas”.

A partir daí, ele parte para agredir moralmente Mariana Ferrer:

– “Graças a Deus não tenho uma filha do seu nível. Também peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher que nem você”.

Cenas estarrecedoras

Gilmar afirmou, em post publicado nas redes sociais, que “as cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras”. Segundo ele, “o Sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação”.

Para o ministro do STF, “os órgãos de correição devem apurar as responsabilidades dos agentes envolvidos, inclusive daqueles que se omitiram”, afirmou, referindo-se à atitude do juiz e do promotor do caso.

Insultos e humilhação

Quando Mariana começa a chorar, o advogado fica ainda mais agressivo e, além de acusar a vítima de “ganhar dinheiro” com a a divulgação do caso nas redes sociais, afirmou:

– “Não dá para dar seu showzinho. Seu showzinho você vai dar no Instagram depois, para ganhar mais seguidores. Tu vive disso”, ele falou e argumenta que a influencer fala sobre a acusação de estupro nas redes sociais para ganhar dinheiro com isso.

“Por que você apaga essas fotos, Mariana? E só aparece com essa sua carinha chorando, só falta uma auréola na cabeça. Não venha com esse seu choro falso, dissimulado e essa lágrima de crocodilo”, disse.

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