Em audiência à PF, Lula diz que não incitou ocupação do tríplex no Guarujá
Aproximadamente 50 integrantes do MTST e da Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex nove dias após a prisão do ex-presidente
Em depoimento prestado nesta terça-feira, 26, à Polícia Federal, o ex-presidente Lula negou ter incentivado a invasão do tríplex no Guarujá por membros do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) em abril do ano passado, nove dias após ser preso.
À época, aproximadamente 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex após invadir o edifício, localizado na orla da Praia das Astúrias, em Guarujá.
O imóvel é atribuído ao ex-presidente, condenado em segunda instância por receber propina da construtora OAS por meio de reformas no local. Lula sempre negou a acusação.
Segundo Manoel Caetano, advogado do ex-presidente, Lula usou uma “força de expressão” ao dizer em um discurso a Guilherme Boulos, líder do MTST, que o movimento poderia ocupar o imóvel.
“Ele [Lula] disse que foi uma força de expressão. [Que falou] num momento em que ele estava indignado pela condenação pelo Tribunal Regional Federal”, disse Caetano.
Na ocasião, Lula disse em discurso numa praça pública de São Bernardo do Campo que pediu a Boulos “mandar o pessoal dele ocupar” o tríplex. Por isso, a PF resolveu investigá-lo sobre a ocupação do imóvel. O fato ocorreu pouco antes de ele ser preso.
O ex-presidente prestou depoimento à delegada Luciana Fuschini, da PF de Santos. O depoimento ocorreu na superintendência da PF em Curitiba, local onde Lula está preso. A sessão começou por volta das 10h e durou dez minutos.
“A delegada queria saber se o presidente Lula havia incitado a ocupação do imóvel. Ele disse que não. [Ela] Queria saber se ele tinha falado com o pessoal do MTST depois do dia em que ele falou na praça. Ele disse que não também”, complementou o advogado.
“Lula disse que não incitou jamais até porque quando a ocupação ocorreu ele já estava preso.”
A ocupação do imóvel foi um protesto contra sua prisão. Na época, os cerca de 50 militantes que estiveram no ato estenderam faixas na sacada do apartamento com as frases “se é do Lula, é nosso” e “se não é, por que prendeu?”.
O inquérito sobre a ocupação do imóvel corre em sigilo. A PF investiga suspeitas de esbulho possessório, que ocorre quando alguém toma posse de um bem usando a força.
No caso, o bem pertence à Justiça pois o imóvel foi confiscado quando o ex-presidente foi condenado.