Baixaria no TRT de Minas

Desembargador pede vista e é insultado por advogado: ‘V. Excelência vá para a PQP! F(*)-se!’

Tiago Jonas Aquino mandou desembargador Milton Vasques para 'casa do caralho', em julgamento

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Desembargador Milton Vasques e o advogado Tiago Jonas de Aquino, durante julgamento do TRT de Minas Gerais. Foto: Reprodução Youtube/TRT-3

Um advogado xingou com palavras de baixo calão o desembargador Milton Vasques Thibau de Almeida, do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região de Minas Gerais (TRT-3), durante julgamento em sessão telepresencial da 3ª Turma, na quarta-feira (16). Após ter classificado como confusa a sustentação oral do advogado, o magistrado pediu vista do processo para mudar seu voto. E ouviu do advogado insultos com sugestões de que fosse “para a casa do caralho” e “para a puta que te pariu”, concluídos com um “foda-se”.

O advogado é citado apenas como Tiago, durante o julgamento, mas está identificado como Tiago Jonas Goncalves Tomaz de Aquino, no polo ativo da apelação de seu cliente Paulo Henrique de Andrade contra a MGS Minas Gerais Administração e Serviços S.A., que tramita sob número de processo 0011374-67.2015.5.03.0005.

O contexto do debate sobre depósitos recursais, através de dois agravos, era travado em meio a dificuldades de conexão por parte do advogado, que classificou como “tosca” a tecnologia do TRT de Minas. O desembargador Milton Vasques é relator dos agravos, e teve seu voto questionado pelo advogado em relação ao primeiro agravo, considerado prematuro pelo magistrado. Mas, no segundo agravo já havia determinado a liberação dos depósitos recursais.

Diante da dúvida da juíza Maria Cristina Caixeta sobre o desconhecimento ou não também do segundo agravo, a magistrada foi aconselhada da seguinte forma pelo desembargador Milton: “Doutora Maria Cristina, julgue o voto, e desconsidere a sustentação oral, que só tá fazendo confusão”.

O advogado iniciou sua interferência, pedindo a palavra “pela ordem”, alegando que sua sustentação havia sido citada, e sendo informado pelo desembargador Luís Felipe Lopes Boson que não estava com a palavra. Ele ainda tentou argumentar que sua sustentação estaria tão confusa quanto o voto do relator. E foi informado por Boson que não haveria espaço para direito de resposta naquele julgamento. “Aqui não é imprensa, não”, disse o desembargador.

Baixou o nível

Os xingamentos de baixo nível do advogado surgiram quando o desembargador Milton Vasques Thibau de Almeida informando sua decisão de pedir vista do processo para mudar o voto, ao reagir à crítica do advogado de que o voto do magistrado estaria tão confuso quanto sua sustentação oral.

“Inclusive se quiser ir pra casa do caralho vá também, vossa excelência!”, reagiu o advogado.

Após o desembargador Milton pedir que os insultos constassem na transcrição da gravação do julgamento, o advogado completou os impropérios, alegando sua suposta condição social como motivo de uma suposta imposição de dificuldades por parte dos desembargadores.

“Vai pra puta que te pariu, senhor relator! Foda-se! Espero que essa [transcrição] esteja disponível, porque quando o eminente relator de outra turma falou uma coisa e saiu no acórdão outra, isso não saiu na transcrição, não, meus senhores. Vocês estão ferrando o advogado só porque ele é pobre. Olha onde ele mora: numa porra de um quitinete de meio metro quadrado. Pra ouvir isso aí? Poxa vida. Vossas excelências estão aí em berço de ouro, sejam mais conscientes, poxa!”, disse o advogado, silenciado na sequência por ordem do desembargador Boson.

Veja o momento em que aconteceu a confusão, no vídeo da sessão publicado no Youtube do TRT-3:

Repúdio

O TRT de Minas Gerais publicou a seguinte nota de repúdio a respeito do fato: “O TRT-MG repudia veemente a atitude do advogado durante a Sessão da 3ª Turma, na última quarta-feira (16). O caso chegou ao conhecimento da Administração do Tribunal, que o analisará para adotar as providências cabíveis”.

O Diário do Poder não conseguiu contato com o advogado, mas segue à disposição para divulgar seu posicionamento.

A reportagem também aguarda um posicionamento da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais.

 

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